Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs

quarta-feira, janeiro 31, 2007

Lucia di Lammermoor-Chi mi frena In tal momento,


O famoso sexteto da ópera,começa entrado em primeiro lugar por Edgardo e Enrico, juntando-se a eles, pouco depois, Lucia e Raimondo, que repetem o tema do tenor e do barítono, enquanto estes repetem uma variação do mesmo.

Na segunda parte juntam-se Arturo e Alisa, dando lugar a um intenso clímax final. A violência da situação descrita pela orquestra e pontuada pelas diversas intervenções, acabam por desembocar num grande concertante com o qual termina o acto.

O sexteto é admirável, cada um canta a sua coisa, mas a beleza das palavras , faz com que “batam certo”. Como se estivessem a ser lidos 6 poemas ao mesmo tempo (não deixa de não ser verdade), não se encontrando qualquer dissonância.

  • Edgardo, lamenta o que considera ser uma traição, mas clama que ainda que vencido, a ama (T amo ingrata, t amo ancor)
  • Enrico diz que se arrepende de ter traído alguém do sangue dela e não consegue apagar os remorsos do meu coração ( spegnere, non posso, I rimorsi del mio cor)
  • Lucia lamenta-se de não ter morrido, quero chorar e não posso até o pranto me abandona (Vorrei piangere e non posso, M abbandona il pianto ancor)
  • Raimondo lamenta a dor de Lucia, quem não se compadece dela, tem no peito um coração de tigre (Chi per lei non é commosso, ha di tigre in petto il cor)
Este famoso sexteto aqui é cantado pelo seguinte elenco

Edgardo: José Carreras
Lucia: Katia Ricciarelli
Enrico: Leo Nucci
Raimondo: John Paul Bogart
Arturo: John Dickie
Alisa: Waltraud Winsauer

Num concerto em 1982





No vídeo seguinte final do sexteto,(que volta a ouvir-se) Edgardo é intimado a ir-se embora,(4.25) por Arturo e Enrico que desembainham as espadas. Raimondo, impõe a sua autoridade impedindo vias de facto, mas mostra o contrato nupcial já assinado e Edgardo desesperado atira aos pés de Lucia o anel de compromisso, exigindo-lhe que Lucia devolva o dele.

Toda a gente diz a Edgardo, que se retire, enquanto Lucia roga a Deus

Deus salva-o, num momento tão duro
de uma infeliz, escuta o lamento
É uma prece de imensa dor
De quem na terra já não tem esperança
È a última prece de um coração
Que nos meus lábios está expirando”

Edgardo pede que o matem ali mesmo

Matai-me e cumpra-se a cerimónia
com o exemplo de um coração atraiçoado
do meu sangue coberto o tálamo
doce visão para a ímpia será
Passando sobre os meus despojos exangues
Mais feliz irá ao altar”

Porém Edgardo é mesmo expulso da sala e termina o II acto.
Tratra-se dum espectáculo em Roma em 1992 com Alfredo Kraus(Edgardo) Giorgio Zancanaro(Enrico) e Carlo Colombara(Raimondo) e Kathleen Cassello como Lucia.






segunda-feira, janeiro 29, 2007

Lucia di Lammermoor-Per poco fra le tenebre

Os convidados aguardam do salão do castelo de Ravenswood, onde se vão celebrar os esponsais.Inicia-se esta cena do 2º acto com um brilhante coro festivo, onde se intercala a brevíssima cavantina de Arturo.

Que diz

“Há pouco, entre as trevas
desapareceu a vossa estrela
eu a farei ressurgir
mais rutilante e mais bela
Estende-me a tua mão, Enrico
Estreita-me ao coração
Venho até ti, como amigo
Irmão e defensor”

Acompanhado pelo coro que se regozija por Arturo ter chegado, já que como dizem “Aqui te guiou a amizade aqui te conduziu o amor”

O editor deste video decidiu, fazer uma montagem, cortando a sequência que passo a descrever, preferindo saltar de imediato( no video em 3.18) para o início do sexteto que publicarei na integra no próxima postagem.

Segue-se então um dialogo entre Arturo e Enrico, onde este o põe de sobreaviso, sobre o estado de melancolia que Lucia atravessa desde a morte de sua mãe, escondendo-lhe contudo, a verdadeira razão.

Nesse instante Lucia, entra no salão num estado de extremo abatimento e Enrico não a abandona até que ela e Arturo assinem o contrato matrimonial. que Lucia contra feita acaba por assinar.

(ainda não foi possível encontrar vídeo para substituir o que foi retirado pelo You tube)



domingo, janeiro 28, 2007

Lucia di Lammermoor-Il pallor funesto

Na mansão de Ashton, Enrico e Normanno tentam convencer Lucia a casar-se com Lord Arturo. Para tal interceptaram as cartas de Edgardo e falsificaram uma dando a entender que ele se interessara por outra mulher.

Este vídeo começa abruptamente, quando Lucia responde ao irmão que a havia questionado acerca do seu aspecto pálido que denuncia grande sofrimento

Lucia diz-lhe então

A palidez funesta e horrenda
que no meu rosto se desenha
em silêncio te grita
a minha tragédia…. As minhas dores
Deus te possa perdoar
O desumano rigor
E a minha dor”

Enrico mostra então a referida carta falsa, após o que começa, o extenso dueto com que termina a Cena I deste 2º acto, que Lucia inicia dizendo “Soffriva nel pianto”

Sofria no pranto
consumia-me na dor
pus a vida
e a esperança
num coração
O instante da morte chegou para mim
Ah! Coração infiel
Que a outra se entregou”

Dizendo Enrico

Mas não foste digna da graça divina
aquele coração infiel a outra se entregou
Um louco e pérfido amor te incendiou
Traíste o teu sangue por um vil sedutor
Mas não foste digna da graça divina
aquele coração infiel a outra se entregou”

Terminam em dueto, repetindo, algumas frases das intervenções acima referidas.

A segunda parte do dueto inicia-se com o segundo vido,, quando se ouvem ruídos festivos e clamores de alegria no exterior. Lucia pergunta “Che fia ?”(que é aquilo ?)

O irmão diz-lhe que chegou Arturo o noivo prometido, realçando de novo o facto de que por motivos políticos é fundamental para ele que ela aceite aquele casamento. A contínua recusa de Lucia, é a entrada para o inicio da cabaleta final , quando Edgardo lhe diz

Se me vais trair
o meu destino está traçado
A vida e a honra me roubas
O patíbulo me preparas
Nos teus sonhos me verás
Sombra irada e ameaçadora
O patíbulo sangrento
Estará sempre diante de ti”

Lucia ergue então uma última prece ao céu cantando

Tu que vês o meu pranto
tu que lês neste coração
se a minha dor na terra for repelida
nos céus não o será
Leva-me ó Deus eterno
Esta vida desesperada

Maria Velasco canta este duo de Lucia e Enrico de Lucia con Ramón de Andrés, barítono. numa récita em 2005.

Naturalmente que a espectularidade da ópera, não se compadece com estas pequenas récitas, acompanhadas ao piano em vez duma cena enquadrada num espectáculo.

Como este foi único documento que encontrei publico-o por isso.







sexta-feira, janeiro 26, 2007

Lucia di Lammermoor-Sulla tomba

Depois da ária de Lucia, Edgardo faz a sua entrada. Apenas com essa entrada, ele revela o seu carácter impetuoso, num recitativo bastante longo e cheio de força que contrasta com a delicadeza de Lucia.

Egardo vem anunciar que vai partir, mas que antes, pedirá a Ashton a sua mão, como sinal de paz entre ambos.

Lucia pede-lhe que silencie aquele amor por agora, temendo a cólera do irmão.

Entre ambos estabelece-se a partir daquele momento um dueto de amor que começa com a frase do tenor “Sulla tomba” (no video só em 3.09).

Jurou vingar-se perante o túmulo do pai,(sulla tomba que encerra il tradito genitore) mas que o amor por ela, fez dissipar essa ira, porém como não consegue que ela seja dele a jura não foi quebrada, mentendo-se.

“Ah que só o amor te incendei o peito
cede, cede, cede por mim, cede ao amor”

Diz-lhe Lucia, ao que Edgardo responde (qui de spoza eterna fede)

“aqui perante o céu
jura-me eterna
fidelidade de esposa
Deus escuta-nos
Deus Vê-nos
Templo e altar é um coração amante
Ao teu destino uno o meu sou teu esposo”

Coloca-lhe então uma anel no dedo,Lucia anui e cantam os dois

“Só o gelo da morte poderá
apagar o fogo do nosso amor


para continuar num momento de extraordinário lirismo, com o “Ah, verrano a te” (no video em 5.29), em forma de cabaleta, do dueto, em que canta primeiro o soprano, depois o tenor, para acabarem os dois junto

“Ah! Irão chegar-te com a brisa
os meus suspiros ardentes
ouvirás no murmúrio do mar
o eco dos meus lamentos
Sabendo que de gemidos
E de dor me alimento
Deixa que uma amarga lágrima
Tome sobre esta prova de amor!


No  video, canta Plácido Domingo e Wise no teatro Zarzuela em Madrid em 1981, englobando todo o recitativo desde a entrada de Edgardo em cena


quinta-feira, janeiro 25, 2007

Lucia di Lammermoor-Regnava nel silencio



A dúvida de Enrico é desfeita por um grupo de caçadores que passam pelo local e que confirmam que o nome do apaixonado é, com efeito, Edgardo.
Enrico clama vingança, todos tentam acalmá-lo.
Muda a cena e Lucia acompanhada de Alisa, chega á fonte em ruínas na floresta.

Alí enquanto espera a chegada de Edgardo, Lucia relata como lhe apareceu um dia, entre as águas tingidas de sangue daquela fonte, uma jovem morta muitos anos atrás por ciúmes de um Ravenswood.

Este recitativo dá entrada á primeira ária da soprano “Regnava nel silêncio”,(no video 2.09) de uma considerável dificuldade, pelos registos agudos, para conseguir efeitos que tenden a “desiquilibra” a melodia, justificado pelo próprio carácter desiquilibrado de Lucia.

Uma frases de Alisa separa a ária da cabaleta “Quando rapito in estasi”,(no video 5.50) de ritmo muito mais leve, que constitui uma demonstração do virtuosismo da intérprete, pois é neste parte que deve exibir o seu gosto na escolha das ornamentações vocais.

No primeiro video, canta em grande diva Joan Sutherland, nesta Lucia já com 62 anos, mas ainda em grande forma, no segundo uma soprano mais “actual” Mariella Devia no Japão em 2004.

Esta soprano italiano, já não é uma debutante, por altura desta exibição, já contava com 56 anos, mas ainda mantém intocáveis todas as qualidades.




quarta-feira, janeiro 24, 2007

Lucia di Lammermoor-Cruda Funesta smania



Normanno, chefe da guarda, procura juntamente com os seus homens, nos arredores do castelo de Ravenswood, o inimigo da família Ashton, Sir Edgardo.

Lord Enrico junta-se á busca é diz a Normanno quão dificil é a sua posição politica, devido as mudanças, que se estão a verificar no poder, de um momento para o outro, o rumo dos acontecimentos pode alterar-se e ser o seu inimigo Edgardo, a quem destitui de quase todos os seus bens, a tomar o poder na região.

Apenas o casamento de sua irmã Lucia com Lord Arturo pode salvar Enrico e assegurar a sua periclitante situação, mas ela não quer aceitar esse casamento.

O venerável Raimondo, o capelão intervem desculpando Lucia e garantindo que ela continua afectada pela recente morte de sua mãe.

Normanno interrompe as explicações e afirma que a verdadeira razão é Lucia estar apaixonada por um homem, que lhe salvou a vida quando um touro a atacou, a caminho do tumulo de sua mãe e que desde então se vêem de madrugada junto à fonte.

Este apaixonado,embora desconhecido, parece ser ao que tudo indica o próprio Edgardo.

De tudo isto não existe video disponível, o primeiro que encontro corresponde a primeira ária do barítono Lord Enrico aqui cantado por Gabriel Velasco, chamada “Cruda Funesta Smania”, gravado no Mexico em 1995, fora do contexto cénico, da ópera.

Nesta ária Enrico duvida do que lhe dizem cantando

“Cruel e funesta ira
acendeste no meu peito
é demais, é demasiado horrivel
esta fatal suspeita.
Faz-me gelar e tremer
Pôe-me os cabelos em pé,
Ver coberta de opróbio
Aquela que minha irmã nasceu”


terça-feira, janeiro 23, 2007

Lucia di Lammermoor-Introdução



Esta ópera de Donizetti foi estreada no teatro São Carlos de Nápoles em 26 de Setembro de 1835. Exibida em Lisboa cerca de 3 anos depois.Esta é uma ópera dos primeiros tempos do romantismo.

Muito famosa nos tempos do seu aparecimento, teve mais tarde algum declínio, pelo aparecimento das correntes veristas, deixando de estar na moda o tipo de canto ornamentado e leve próprio desse primeiro romantismo.

Somente nos anos seguintes á II Guerra Mundial, ressurge o interesse pelo estilo de canto desta época.Mais uma vez é preciso falar em Maria Callas, responsável por esse ressurgimento. De novo acertou na personagem de Lucia ao recuperar o dramatismo da protagonista, dando consistência a passagens tais como a ária “Regnava nel silenzio”, pela sua dificuldade para os sopranos mais ligeiros.

Lucia é um drama escocês, passado na época medieval, baseado numa obra de Walter Scott The bride of Lammermoor escrita em 1819, com adaptação de Salvatore Cammarano

Personagens

Lord Enrico Ashton-(barítono)-dono do castelo de Ravenswood
Papel com notável dificuldade, noemadamente na sua ária inicial

Lucia –(soprano)- sua irmã
É a protagonista da obra. Papel para soprano lírico-ligeiro; exige uma voz muito ágil e com amplo registo agudo, mas com peso para dar relevo aos momentos mais dramáticos.

Sir Edgardo de Ravenswood-(tenor)
È mais importante o seu papel que noutra obras de Donizetti, é a ele que cabe a ária final tendo várias intervenções importantes ao longo da ópera.
Tenor lírico ou lirico-spinto

Lord Arturo Bucklaw-(tenor)-pretendente de Lucia
Só entra numa cena, papel com características idênticas ao anterior,cantando uma breve mas difícil cavatina. É um papel secundário, mas pela dificuldade tem sido interpretado por tenores, que mais tarde viriam a alcançar muita fama.

Raimondo-(baixo)- capelão do castelo
Papel secundário, mas tem intervenções de alguma relevância, especialmente no último acto, quando, tem uma grande cena juntamente com o coro

Alisa-(mezzo-soprano)-acompanhante de Lucia
Normanno-(tenor)-chefe da guarda do castelo
Duas personagens com curtas intervenções.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Requiem por Nicolai Ghiaurov



O minha voz de baixo preferida,também assim considerado por muita gente, pelo menos no que aos papéis verdianos, diz respeito.

Infelizmente já falecido em 2004,com 74 anos, vítima de paragem cardiaca

Búlgaro de nascimento, fez a maioria dos seus estudos na Rússia, começou a cantar aos 26 anos interpretando o papel de Don Basílio no BARBEIRO DE SEVILHA.e que seria também o último papel que desempenhou. Viria também a interpretar e a gravar os principais papéis para a sua voz

Assinale-se em especial os papéis de Mefistófeles em FAUSTO, o de Filipe II em DON CARLOS e nas DON GIOVANI e BORIS GODUNOV.

Casado com a soprano italiana Mirella Freni, a melhor Mimi (Boheme) conhecida, onde Ghiaurov, canta no seu papel de Colline, uma ária muito simples, mas de que gosto muito (Vecchia zimarra senti)

Pode ver-se no video que acompanha. Colline é uma artista, que perante a necessidade de se comprarem medicamento para Mimi, tuberculosa em estado terminal, se despede da sua velha samarra, que vai ser empenhada para se reunir dinheiro

No segundo video, Ghiaurov canta uma ária (Ella gammai mamo), na qual Filipe II rei de Espanha se lamenta da traição da sua mulher Isabel Valoais.



domingo, janeiro 21, 2007

Requiem de Verdi-Sancus e Agnus Dei



No primeiro vídeo inicia-se a sequência final

Sanctus

Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus, Deus Sabaoth.
Santo, Santo, Santo, Senhor Deus dos Exércitos.

Pleni sunt coeli et terra gloria tua.
Cheios estão os céus e a terra da Tua glória.

Hosanna in excelsis.
Hosana nas alturas.


Benedictus, qui venit in nomine Domini
Bendito o que vem em nome do Senhor

Hosanna in excelsis.
Hosana nas alturas.

Pelo coro de St Matthews Choir, com a West London Sinfonia.

E depois um belissimo Agnus Dei de volta ao “concerto de ouro”, com Price e Cossoto

Agnus Dei

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: donna eis requiem.
Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo: dai-lhes o repouso.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: donna eis requiem sempiternam.
Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo: dai-lhes o repouso eterno.







Requiem de Verdi-Offertorium



Inicia-se agora a última parte da missa o Offertorium, começando com Domine Jesu Christe e depois com Hostias, quando Plácido Domingo, canta “ Hostias et preces tibi, Domine”.

IV. Offertorium

1 - Domine Jesu Christe

Domine Jesu Christe, Rex gloriae,
Senhor Jesus Cristo, Rei da Glória,

libera animas omnium fidelium defunctorum
liberta as almas de todos os que morreram fiéis

de poenis inferni et de profundo lacu:
das penas do inferno e do lago profundo:

Libera eas de ore leonis,
Libertai-as da boca do leão

Ne absorbeat eas tatarus, ne cadant in obscurum:
Que não sejam absorvidas no inferno, nem caiam na escuridão:

Sed signifer sanctus Michael repraesentet eas in lucem sanctam:
Mas que o santo arcanjo Miguel as introduza na luz santa:

Quam olim Abrahae promisiti et semini ejus.
Conforme prometeste a Abraão e à sua descendência.

2 - Hostias

Hostias et preces tibi, Domine, laudis offerimus:
Sacrifícios e preces a Ti, Senhor, oferecemos com louvores:

Tu suscipe pro animabus illis,
Recebe-os em favor daquelas almas,

quarum hodie memoriam facimus:
Das quais hoje nos lembramos:

Fac eas, Domine, de morte transire ad vitam.
Fazei-as, Senhor, da morte passarem para a vida.

Quam olim Abrahae promisisti et semini ejus.
Conforme prometeste a Abraão e à sua descendência.

Para ver o vídeo clicar aqui.

Alem de Plácido Domingo cantam Monserrat Caballé, Bianka Perini e Paul Plishka. Gravado em 1980 em Nova York sob condução de Zubin Mehta


sábado, janeiro 20, 2007

Requiem de Verdi-Dies Irae(Lacrimosa)

Deve participar-se um crime, esta passagem foi "roubada" ao próprio Verdi
esta Lacrimosa é a perfeição absoluta, ninguém humano poderá superar o que aqui acontece.

Fiorenza Cossotto, Luciano Pavarotti, Leontyne Price e a maior voz baixo de sempre Nicolai Ghiaurov.

Orquestra e Coros do La Scala o maestro Von Karajan

6 – Lacrimosa

Lacrimosa dies illa
Dia de lágrimas será aquele

qua resurget ex favilla
no qual os ressurgidos das cinzas

judicandus homo reus.
serão julgados como réus.

-----

Huic ergo parce, Deus
A este poupa, ó Deus

pie Jesu Domine
piedoso Senhor Jesus

Dona eis requiem, Amen.
Dá-lhes repouso. Amém.

para ver o vídeo clicar aqui

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Requiem de Verdi-Dies Irae(2ª parte)

Ingemisco (é a parte solista da voz tenor que completa o Recordare)

Ingemisco tamquam reus
Choro e gemo como um réu

culpa rubet vultus meus
a culpa enrubesce meu semblante

supplicanti parce, Deus.
a este suplicante poupai, ó Deus.

-----

Qui Mariam absolvisti,
Tu, que absolveste a Maria,

et latronem exaudisti
e ao ladrão ouviste

mihi quoque spem dedisti.
a mim também deste esperança.

-----

Preces meae non sunt dignae
Minhas preces não são dignas

sed tu bonus fac benigne,
sê bondoso e faça misericórdia,

ne perenni cremer igne.
que eu não queime no fogo eterno.

-----

Inter oves locum praesta
Dai-me lugar entre as ovelhas

et ab haedis me sequestra
e afastai-me dos bodes

statuens in parte dextra.
que eu me assente à Tua direita.

5 – Confutatis-(baixo e coro)

Confutatis maledictis
Condenados os malditos

flammis acribus addictis
e lançados às chamas devoradoras

voca me cum benedictis.
chama-me junto aos benditos.

-----

Oro supplex et acclinis
Oro, suplicante e prostrado

cor contritum quasi cinis
o coração contrito, quase em cinzas

gere curam mei finis.
tomai conta do meu fim.


Para ver o vídeo clicar aqui

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Requiem de Verdi-Dies Irae(1ª parte)

Algumas notas acerca do video anterior


Angela Gheorghiu, soprano romena, nascida em 1965, considerada uma das melhores(?) da actualidade, veio cantar recentemente a Lisboa.

Em Dezembro de 2000, Angela Gheorghiu iniciou as filmagens de Tosca, tendo o filme sido lançado internacionalmente nos cinemas. Representou também Julieta no filme Romeu e Julieta da Online Classics (DVD) e em 2002 cantou numa histórica actuação nos Proms, por ocasião do Jubileu da Rainha Elisabeth II (DVD).

Compromissos futuros incluem uma gala na Metropolitan Opera de Nova Iorque (La Traviata) e ainda as óperas Simon Boccanegra, Lucia di Lammermoor, Adriana Lecouvreur, Manon Lescaut, Tosca, Lucrezia Borgia, Alceste, Don Carlos e Don Giovanni.

Aos 41 anos, Angela Gheorghiu vive um momento delicado da sua carreira. Nos últimos tempos, a cantora tem sido notícia mais por razões pouco agradáveis que por sucessos em palco. O mesmo aliás tem acontecido com o seu marido, o tenor franco-siciliano Roberto Alagna (casaram-se em 1996),e que também canta no video atrás publicado, protagonista de recente escândalo, após desertar a meio de uma Aïda no Scala de Milão, após ter sido assobiado, depois de cantar a dificílima ária “Celeste Aida”

Para além de ser "perita" em cancelar presenças em produções operáticas, colecciona problemas e quezílias à conta de exigências e caprichos inaceitáveis para quem com ela trabalha. Teatros como o Metropolitan, o Covent Garden, Ópera de Paris, Scala e Real de Madrid são casos famosos da sua 'prima-donnite aguda' que acabaram ou em abandono voluntário ou... "sugerido". O caso mais recente foi a desistência duma produção próxima do Don Carlos na Royal Opera House (iria ser Elisabette de Valois), meses após ali ter feito uma Tosca também ela atribulada...

Soprano lírico com capacidades spinto (faculdade de a voz adquirir potência e cor dramáticas, se requerido), Gheorghiu parece hoje viver sob uma "maldição" da Callas, cantora com a qual foi amiúde comparada no início da carreira

Será a confirmação duma carreira ? Ou de um flop ?

Voltando ao Requiem

Dies irae é a parte da missa que referência o dia do juízo final

III. Sequentia

1 - Dies irae-(coro)

Dies irae, dies illa
Dia de ira, aquele dia

solvet saeclum in favilla
no qual os séculos se desfarão em cinzas

teste David cum Sibylla.
assim testificam Davi e Sibila.

Quantus tremor est futurus,
Quanto temor haverá então,

Quando judex est venturus,
Quando o Juiz vier,

Cuncta stricte discussurus.
Para julgar com rigor todas as coisas.

2 - Tuba mirum-(coro+baixo)

Tuba mirum spargens sonum
per sepulchra regionum,
coget omnes ante tronum
Mors stupebit et natura,
cum resurget creatura,
judicanti responsura.

3-Liber Scriptus (mezzo+ coro)

Liber scriptus proferetur,
in quo totum continetur,
unde mundus judicetur.
Judex ergo cum sedebit,
quidquid latet apparebit,
nil inultum remanebit.

4-Quid sum miser (soprano+mezzo+tenor)

Quid sum miser tunc dicturus?
Quem partonum rogaturus,
cum vix justus sit securus?


5-Rex tremendae(solistas+coro)

Rex tremendae majestatis,
Ó Rei, de tremenda majestade,

qui salvandos salvas gratis,
que ao salvar, salva gratuitamente,

salva me, fons pietatis.
salva a mim, ó fonte de piedade.

6-Recordare-(soprano+mezzo)

Recordare, Jesu pie,
Lembra-te, ó Jesus piedoso,

quod sum causa tuae viae,
que fui a causa de tua peregrinação,

ne me perdas illa die.
não me perca naquele dia.

-----

Quaerens me, sedisti lassus
Procurando-me, ficaste exausto

redemisti crucem passus
me redimiste morrendo na cruz

tantus labor non sit cassus.
que tanto trabalho não seja em vão.

-----

Juste judex ultionis,
Juiz de justo castigo,

donum fac remissionis
dai-me o dom da remissão

ante diem rationis
diante do dia da razão



Para ver o vídeo clicar aqui

Requiem de Verdi-Introitus e Kyrie



Pode dizer-se que uma missa requiem é uma ópera com textos liturgicos, é uma missa católica na qual se pede, pelo descanso eterno das almas dos mortos A estrutura do texto musicável é essencialmente a mesma de outras missas, e as partes variáveis (próprio da missa) focalizam as circustâncias especiais ligadas ao texto da missa de defuntos.

Vários compositores musicaram “missas requiem” em memória das pessoas mais variadas.

O “requiem ateu”, como foi descrito certa vez o Op.45 de Brahms, sob o pretexto das escassas vezes em que Deus é mencionado, foi escrito em homenagem a dois defuntos, o seu amigo Schumann e a sua mãe que viria a falecer pouco tempo depois.

Porém o requiem de Verdi, a antepenúltima obra dele,escrita em 1874 em memória do seu grande amigo Manzoni, é sem dúvida a minha missa favorita,passe a genialidade da de Mozart. Tanto que a meu ver nem requer a prévia condição de católico, basta que se oiça com o coração.O próprio Verdi, que se considerava cristão, não apreciava os rituais religiosos, nem concordava com a rígida hierárquia eclesiástica

Para esta minha preferência, talvez tenha contribuído o ter assistido há muitos anos, tantos que já nem me lembro quantos,(mas vou tentar descobrir), a um magnífico espectáculo em Lisboa no Coliseu do Recreios do qual só me lembro que cantavam a “enorme” Fiorenza Cossotto(mezzo), o marido Ivo Vinco(baixo), sendo a soprano, salvo o erro a Mara Zampieri (nâo sei que é feito dela) e a orquestra e coros da Royal Symphonia Orquestra. No fim 25 minutos ininterruptos de aplausos.

1-Introitus

Requiem aeternam dona eis, Domine,
Repouso eterno dá-lhes, Senhor,

Et lux perpetua luceat eis.
E luz perpétua os ilumine.

Te decet hymnus, Deus, in Sion,
Tu és digno de hinos, ó Deus, em Sião,

et tibi reddetur votum in Jerusalem:
e a ti rendemos homenagens em Jerusalém:

Exaudi orationem meam,
Ouve a minha oração,

ad te omnis caro veniet.
diante de Ti toda carne comparecerá.

Requiem aeternam dona eis, Domine,
Repouso eterno dá-lhes, Senhor,

Et lux perpetua luceat eis.
E luz perpétua os ilumine

seguido no video (5.31) por

II. Kyrie

Kyrie eleison.
Senhor, tem piedade.

Christe eleison.
Cristo, tem piedade.

Kyrie eleison.
Senhor, tem piedade.

Cantado por Angela Gheorghiu(soprano),Daniella Barcelona(mezzo)Roberto Alagna(tenor) e Julian Konstantinov(baixo), alignados das esquerda para a direita. Orquestra Filarmónica de Berlin dirigida em 2001 por Claúdio Abbado.

Para aceder ao vídeo clicar aqui

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Notas finais sobre a protagonista



Voltando ao assunto da Norma e as suas grandes interpretes, diga-se que Sutherland foi a única soprano que gravou a Norma no seu tom original (sol maior), Callas e Caballé, cantaram-na sempre um tom mais baixo.

Dizem os entendidos, que a melhor Norma de Caballé é a gravação video da representação no teatro Orange em 1974, Ela aproxima-se mais, pelo seu canto lírico expresso com mórbidez, de uma sacerdotisa, que está lutando contra ( ou pela sua) feminilidade, que uma semi-deusa.O seu canto estilizado, suave, é de uma homogeneidade assombrosa e os seus “legatos”(canto sem interrupções de linha melódica ), conferem ás frases uma velada tristeza, quando o tom é ameno, sobretudo nos duetos com Adalgisa.

Até ao aparecimento de Callas, não pode dizer-se que tenha havido uma Norma de eleição, (com a eventual exepção de Rosa Ponselle). Para além das exepcionais capacidades vocais e técnicas, ela conhecia na perfeição o recitativo clássico e sabia transmitir o ar trágico e de grande distância, da grande sacerdotisa.

Para perceber as cambiantes que Callas consegue transmitir, a este papel, é necessário, ouvir uma Norma inteira cantada por ela, quase que parecendo que são vozes diferentes, conforme cada cambiante do papel, oscilando entre, doçura,desespero, autoridade.

O problema de Callas, foram os maleitas vocais, os empresários, os exageros, por fim alguma decadência em que se deixou mostrar, depois o abandodo e por fim a morte.

Com Caballé hoje preticamente retirada. Sutherland a grande diva australiana, definitivamente fora do palco, não há Normas de eleição, para cantar este papel, vamos ver até quando

NORMA-Final

Perante a recusa de Pollione, Norma manda reunir a Assembleia anunciando que tem uma nova vítima, uma sacerdotisa perjura, que pecou contra a Pátria e o deus, tornando inúteis as súplicas do romano, julgando que ela ia denunciar Adalgisa.

Enquanto a pira é acesa para o sacrifício, revela que a pecadora é ela e lembra a Pollione que tal como estiveram unidos durante a vida, também o estarão na hora da morte.

Pollione percebe a grandeza do coração de Norma e diz-lhe

Junto morreremos, ah sim morreremos
as minhas últimas palavras
serão que te amo
mas na hora da morta, não me rejeites
antes de morrer
perdoa-me”

Todos querem que ela desminta o seu delito, mas a revelação do facto de ser mãe agrava a sua culpa.

Oroveso, o pai , furioso recusa salvar a vida dos filhos de Norma, como se pode ver no início do 2º video.

Ela canta a sua última e comovedora súplica, que emociona até Oroverso

Ah! Não os convertas em vítimas
do meu erro fatal
Ah! Não os trunques, na flor
da sua inocente idade.
Pensa que são o teu sangue,
E tem piedade deles
Ah, pai tem deles piedade

Oroveso(o magnífico Del Bosco), acaba por lhe dizer que toma conta dos filhos. Enquanto isso Pollione afirma o renascer do seu amor.

Norma, feliz por morrer ao lado do homem amado, sobe com ele para a pira funerária.

Equanto o coro invoca a maldição divina, os dois amantes, unem-se num amor, mais santo e duradouro.

Enfim não há palavras para descrever Caballé, para mim a inigualável Norma



sábado, janeiro 13, 2007

NORMA-In mia main al fin tu sei


Norma não se enganara ao supor que se trata de Pollione, que aparece conduzido por alguns soldados, numa atitude desafiadora.

Retirando um punhal das mãos de Oroverso, prepara-se para apunhalar Pollione, mas falta-lhe coragem.

Um pouco mais recuperada, Norma declara que vai interrogar o romano a sós.

Depois de todos se retirarem começa o dramático momento em que Norma se oferece para salvar a vida de Pollione, na condição deste renunciar a Adalgisa para sempre.

In mia main alfin tu sei (Nas minhas mãos estás, por fim) é o que diz Norma ao iniciar o dueto, ao que o romano responde No si vil non son (Não sou tão cobarde)

Iniciando-se o seguinte diálogo

Norma (N): Ignoras que a minha ira supera a tua ?

Pollione (P): Espero o teu golpe

N : Não sabes que aos nossos filhos
No coração esta daga …?

P: Oh Deus o que oiço ?

N: Sim contra eles levantei o seu fio
Ja vês, jã vês a que extremos cheguei
Não os feri, mas agora
Poderia consumar o crime
Num instante
Posso esquecer que sou mãe

Esta tentativa desesperada da sacerdotisa, agora só mulher , não surte efeito, o romano diz-lhe que afunde antes o punhal no seu peito.

Norma diz-lhe então que também Adalgisa há-de morrer, entre as chamas perecerá.

Pollione responde “toma a minha vida mas dela, dela tem piedade”.

Iniciando-se a última parte di dueto, com Norma a dizer “Preghi alfine ?” (Imploras por fim ? )

Imploras por fim
Indigno! Já é tarde
No seu coração quero ferir-te, sim
Já me regozijo com o teu olhar
De dor, da sua morte
Posso, por fim ,igualar,
a tua dor á minha

e Pollione

Ah! Que te acalme o meu terror
eis-me, aqui, a teu pés chorando,
Sobre mim descarrega todo o teu furor
Mas tem piedade de uma inocente
Que a tua vingança se satisfaça
Comigo morrendo à tua frente

Caballé canta com Clementi Lamberti como Pollione

NORMA-Ah del tebro

IV ACTO

Lugar solitário perto do bosque sagrado, Um grupo de guerreiro gauleses pergunta-se se o odiado Pollione, não abandonou ainda o acampamento inimigo. Todos se preparam, com impaciência , para a tão desejada sublevação.

Oroveso entra e avisa-os da iminente chegada de um procônsul ainda mais cruel que o anterior.

Não sendo extenso o papel de Oroverso a ária que aqui canta “ Ah!del tebro” é de uma dificuldade considerável.Aqui cantado por Elia Todisco

Canto solene e elegante, tal como acontece com a maioria das árias para baixo neste período, Nele se intercalam as intervenções do coro que acentuam o carácter magestoso da passagem.

Norma confia no regresso de Adalgisa com o arrependido Pollione (Mia fidanza é posta in Adalgisa), mas Clotilde vem dizer que não só Adalgisa fracassou no seu intento como Pollione esta disposta a leva-la á força para Roma.

Norma enfurecida , jura que o sangue vai ser derramado e precipita-se contra o escudo sagrado batendo nele 3 vezes.

È o sinal de chamada e de todos os lados acorrem os druídas.Norma o suposto decreto dos deuses e todos entoam um hino guerreiro, no fim do qual todos expressam a fé na vitória contra a odiada Roma, mas o rito exige um sacrifício humano. Norma garante que a vítima não vai faltar.

Ouve-se um tumulto e Clotilde entra, anunciando que foi aprisionado um romano quando tentava profanar o recinto das jovens virgens

Não tenho video para ilustrar este última parte

quarta-feira, janeiro 10, 2007

NORMA-E tu ?





Este video continuação do anterior, contém o final do dueto entre Adalgisa e Norma.

Quando Norma a quem Adalgisa continua a pedir para que ceda, porque Pollione já está arrependido, lhe pergunta “ E tu ? “

Adalgisa responde

Amei-o mas agora a minha alma
apenas alberga amizade

Norma diz “Oh! Jovenzinha ! E tu querias ?

Adalgisa : “ Devolver-te os teus direitos
Ou perante ti, o céu e os homens
Juro esconder-me para sempre

Norma: “Sim,venceste, abraça-me
Em ti volto a encontrar a amiga

Cantado ambas (no video 1.10)

Si, fino all ore estreme Sim,até à minha última hora
Compagna tua, compagna m avrai por companheira me terás
Per ricovrarci insieme grande é o Mundo
Ampia è la terra assai para nos hospedar ás duas
Teco dell fato all onte Contigo, firme, oporei
Ferma opporró la fronte o meu ânimo, aos enganos do destino
Finché il tuo core enquanto junto ao meu
A battere io senta sul mio cor sentir bater o teu coração

Fim do 3º Acto

terça-feira, janeiro 09, 2007

NORMA-Pallor da morte


Dueto

Na sequência do video anterior, neste agora reproduzido, assiste-se á entrada de Adalgisa que Norma, havia mandado chamar por Clotilde, que nota a palidez do rosto de Norma, que lhe responde

É a palidez da morte
quero revelar-te toda a minha vergonha
um único rogo te farei e cumpre-o
se é que alguma piedade
desperta em ti, a dor do meu presente
e a dor do meu futuro

Pedindo-lhe depois que leve as crianças ao acampamento romano “para junto daquele cujo nome não ouso pronunciar” e que “ele seja para ti um esposo menos cruel, eu perdoo-lhe e preparo-me para morrer”

E continua dizendo para cuidar e proteger,(2.31) os seus filhos “não peço honras nem nem poder, sejam esse reservados aos filhos do teu próprio sangue, apenas te peço que não os abandones"

Adalgisa recusa, dizendo que irá sim ao acampamento contar todos os sofrimentos por que passa Norma e confia que saberá convencer Pollione a aceitá-la de novo.

Norma recusa e inicia-se o dueto

Mira o Norma-(Olha Norma) no video (6.00)

em que Adalgisa diz

Olha Norma, perto dos teus joelhos
estas amadas criaturas
Ah! Tem piedade delas, ah!
Mesmo se de ti não tens piedade

E Norma recita

Ah! Por que é que minha constância
tentas dobrar com tão ternos sentimentos
perante a morte, ai!
Um coração já não pode ter
Ilusões nem esperança

Como noutras situações já apresentadas, este video reporta-se a uma récite no teatro Zarzuela em Madrid em 1978 com Caballe e Cossoto

O video que se seguirá na próxima publicação, é a continuação deste dueto com que terminará o III acto



NORMA-Teneri teneri figli

III ACTO

A cena abre mostrando o interior da casa de Norma. Sobre o leito dormem duas crianças. Norma surge brandindo um punhal e contemplando os filhos, debate-se entre o amor e o ódio.Está decidida a matar os filhos, antes de os saber escravos de Roma. Esta ideia aterroriza-a e tenta recuperar a coragem pensando que com estas mortes conseguirá ferir profundamente Pollione.

Teneri, teneri, figli (Meus queridos filhos) video ( 04.38 )

“Meus queridos filhos
que noutro tempo foram
a minha alegria e em cujo o sorriso
pensava ver o perdão do céu
E tenho de matá-los ?
De que são culpados ?
São filhos de Pollione
Esse é o seu delito
Para mim é como se já estivessem mortos
Morram pois, para ele
E que nenhuma outra dor
Possa igualar a sua
Morram já “

Contudo ao levantar o punhal contra os filhos o seu amor de mãe detém-na.

“Ah não são os meus filhos ! Os meus filhos !

Soberba a interpretação de Caballé neste video., mas a comovedora introdução da orquestra (in dolore ) é tipica de Bellini.




segunda-feira, janeiro 08, 2007

NORMA-Oh Di qual sei tu vittima

Trio final do II acto

A verdade porém é revelada de forma inexorável, perante as perguntas cada vez mais inquietas de Norma, Adalgisa acaba por revelar a identidade do amante, confessando o nome do procônsul, que aparece nesse mesmo instante. Norma recrimina-o violentamente. Adalgisa descobre o engano de que foi vítima e amaldiçoa Pollione, a quem anuncia uma terrivel vingança.

Inicia-se o trio com Norma(3.00), reconhecendo que Adalgisa tal como ela fora enganada

A fonte do pranto eterno
fez ele brotar em ti
tal como enganou o meu coração
o malvado também atraiçoou o teu

Adalgisa deplora a traição de Pollione, enquanto este se lamenta pelo sofrimento nele produz um amor tão intenso.

Nesse momento ouve-se a lúgubre chamada do escudo sagrado e as vozes dos druídas convocando Norma perante o altar.





domingo, janeiro 07, 2007

NORMA-7ºparte

II ACTO

Antes de mais uma nota de esclarecimento, sobre a apresentação pública de Norma. Preferi a divisão da obra em 4 actos, quando em multiplas situações ela é representada em 2 actos.

A acção decorre na morada de secreta de Norma no bosque. A cena inicia-se com a sacerdotisa acompanhada da sua confidente Clotilde e duas crianças. A presença dos filhos desperta nela sentimentos contraditórios, Teme que Pollione aproveite a sua partida para Roma para a abandonar. Alguém se aproxima e Clotilde sai com as crianças.



Adalgisa aparece, presa de uma grande agitação e Norma convida-a a revelar o segredo que a aflige. Adalgisa explica que sucumbiu ao amor de um homem, esquecendo os seus votos religiosos e até mesmo a própria pátria. Para Norma o relato evoca circunstâncias analogas vividas por ela quando conheceu Pollione e assim começa o dueto entre Norma e Adalgisa , OH rimembrenza.

Norma comovida perdoa á rapariga e exime-a dos seus votos, perante o
alvoroço de Adalgisa, acabam o dueto, dizendo Norma

"Perdoo-te e compadeço-te
Dos teus votos te liberto
Quebrando os seus vínculos
Unida ao teu amor
Viverás, por fim, feliz"

Respondendo Adalgisa

"Repete, santo céu, repete
Tão lisonjeiras palavras
Graças a ti apaziguam-se
Os meus longos tormentos
Devolves-me a vida
Se não for pecado o amor"

Esta gravação conta com o seguinte elencoNorma - MONTSERRAT CABALLE; Pollione - PEDRO LAVIRGEN; Adalgisa - FIORENZA COSSOTTO; Oroveso - IVO VINCO; Clotinde - CECILIA SOLER; Flavio - ANTONIO DE MARCO; Director - ENRIQUE GARCIA ASENSIO; Coro y Orquesta Naconal de España; TEATRO DE LA ZARZUELA



NORMA
(Oh, rimembranza! io fui
così rapita, al sol mirarlo in volto.)

ADALGISA
Ma non m'ascolti tu?

NORMA
Segui; t'ascolto.

ADALGISA
Sola, furtiva al tempio
io l'aspettai sovente;
ed ogni dì più fervida
crebbe la fiamma ardente.

NORMA
(Io stessa arsi così.
Oh rimembranza: io fui così sedotta!)

ADALGISA
Vieni -- ei dicea -- concedi
ch'io mi ti prostri ai piedi:
lascia che l'aura io spiri
de' dolci tuoi sospiri,
del tuo bel crin le anella
dammi poter baciar.

NORMA
(Oh! cari accenti!
Così li profferia,
così trovava del cor la via.)

ADALGISA
Dolci qual arpa armonica
m'eran le sue parole;
negli occhi suoi sorridere
vedea più bello un sole.

NORMA
(L'incanto suo fu il mio.)

ADALGISA
Io fui perduta e il sono.

NORMA
Ah! tergi il pianto!

ADALGISA
D'uopo ho del tuo perdono.

NORMA
Avrò pietade.

ADALGISA
Deh! tu mi reggi e guida.

NORMA
Ah! tergi il pianto!

ADALGISA
Me rassicura, o sgrida,
salvami da me stessa,
salvami dal mio cor.

NORMA
Ah! tergi il pianto:
te non lega eterno nodo all'ara.

ADALGISA
Ah! Ripeti, o ciel, ripetimi
sì lusinghieri accenti!

sábado, janeiro 06, 2007

Norma-Va crudele al dio spietato


Entra em cena Pollione, que têm uma breve troca de frases com Adalgisa, que lhe suplica que parta consciente que não poderá fugir á força da sua sedução

1-13-Va crudele al dio spietato (Vai cruel ao deus desapiedado)

Aqui Pollionne diz-se apaixonado que ao deus dela impiedoso poderá oferecer em sacrificio todo o seu sangue se necessário. mas que a ela não poderá renunciar.

Ao deus foste apenas prometida
Mas o teu coração foi-me entregue por completo
Ah ! não sabes quanto me custaria
Renunciar a ti

1.14-E tu pure ah! Tu non sai ( ah! Também tu não sabes)

No mesmo registo Adalgisa,reclama o seu amor mas também a consciência do seu pecado perante o seu deus. Pollionne diz lhe que vai voltar a Roma pedindo que venha com ele onde existem “deuses melhores.


Adalgisa tenta resistir, mas acaba por jurar que no dia seguinte virá a este mesmo local e o seguirá

prometendo

Ao meu Deus serei prejura
mas ser-te-ei fiel

e Pollione termina dizendo

O teu amor infunde-me coragem
e saberei desafiar o teu Deus

O video que acompanha este final do 1ª acto de Norma, é cantado pela mezzo Josephine Veasey e pelo canadiano Jon Vickers, poderoso tenor, cujo ponto forte da carreira foram as interpretações de Otello de Verdi e alguns papéis wagnerianos.

Este concerto realizou-se em Orange em 1974



NORMA-5ºparte

1.10-Ah! Bello a mim ritorna (Volta para mim tão belo)


É a ária onde se começam a definir as contradições que acontecem no íntimo de Norma, Por um lado os seus deveres de sacerdotisa da Gália por outro o seu amor por Pollionne, aqui ela diz para si que

Volta para mim tão belo
como no teu primeiro e fiel amor
e contra o mundo inteiro
a tua defesa serei
Vota para mim tão belo
com o teu sereno olhar
e no teu peito vida
pátria e céu encontrarei, sim

Enquanto o coro da multidão clama

Muito tardas sim
oh dia da vingança
mas já te apressa o deus irado
que Roma condenou

Percebe-se que o povo clama por vingança, Norma pensa em Pollione.



1.11-Sgombra la sacra selva (ficou deserto o bosque sagrado)

Adalgisa, que após a partida de todos fica só no bosque sagrado reflectindo sobre o seu amor, por Pollionne que a tornou reblede ao templo e ao deus mas que é uma força irrestivel

e a brisa repete para mim o eco
da sua voz querida

Protege-me oh Deus
estou perdida, sim perdida
deus, tem piedade, estou perdida

aqui na interpretação da Josephine Veasey




sexta-feira, janeiro 05, 2007

NORMA-4ºparte




1.6-Norma viene (Norma vem)


Entra o cortejo religiosos, precedido pelos 4 guardiões do templo, Seguem-se as sacerdotisas, todas com véus e grinaldas de flores.
Ao som de uma marcha de uma marcha lenta e magestosa reunem-se os druidas, os guerreiros,os bardos e os diversos ministro e servidores do templo

1.7-Sedecione voci, voci di guerra (Vozes sediosas vozes de guerra)



Norma entra de cabeleira solta a testa coroada por uma grinalda e empunhando a mítica foice de ouro, mas repreende aqueles que desejam uma sublevação permatura contra Roma, desobedecendo assim á vontade do deus, interpretada pelos augúrios da vidente Norma.Todos protestam em vão contra, mesmo Oroverso,pela passividade das armas gaulesas frente ao jugo opressor.

Norma responde que agora qualquer tentativa seria esmagada pelo poderio militar do invasor. Roma está predistinada a perecer, consumida pelos seus próprios vícios.. Na realidade , o único objectivo de Norma consiste em atrasar o momento em que o seu amor por Pollione entrará em conflito irremediável com os seus deveres como sacerdotisa

1.8-Casta diva (Casta deusa)

Esta cavantina, é sem qualquer dúvida o fragmento mais popular de toda a ópera, os ondulantes harpejos dos instrumentos de corda, com base nos quais se eleva o tema principal da ária, interpretado pela flauta, que lhe dá o clima “lunar”, já que a cena é noturna e a evocação é feita à deusa Lua), introduzem o canto da soprano

Basicamente nesta ária Norma, convida o povo á paz, corta os ramos do visco sagrado e avança com os braços estendidos para o ceú. A luz da lua inunda a cena e Norma invoca a sua aparência pura e bela com uma prece eterna

No video que apresento a cena inicia~se na altura em que Oroveso seu pai, a questiona perguntando-lhe "se os bosques da pátria e os nossos templos ancestrais, não foram já bastante contaminados pela águia romana ?", num claro convite á guerra .

Aqui Monserrat Caballe canta Casta Diva, para mim a melhor Casta Diva de todas, este papel foi feito para ela



quinta-feira, janeiro 04, 2007

NORMA-Svanir le voci



(continua de Norma-O enredo)

1.3-Svanir le voci (Afastam-se as vozes


A entrada de Pollione(proconsul romano na Gália, voz de tenor) e do seu amigo Flávio(centurião romano amigo de Pollione, voz de tenor), siligiosamente envoltos nas suas togas, cantam um recitativo em que Pollione confessa ao seu amigo que já não ama Norma, mas outra de nome Adalgisa que considera flor da inocência.

Também se sente alvo de censura já que é pai dos 2 filhos de Norma.
Tem muito pouco interesse sob o ponto vista musical este recitativo já que se destina
a explicar ao publico, os antecedentes do trama romântico, um pouco no sentido de actualizar a questão


1.4-Meco all altar di Venere (Junto ao altar de Vénus)

No video esta cabaleta inicia-se por volta de 2.39, quando o tenor diz Meco all altar di Venere, diga-se que as árias em todas as óperas são conhecidas pelo nome da frase inícial, como aqui acontece

Atormentado pelo remorso Pollione conta ao amigo que teve um sonho premonitório, no instante em que se dispunha a unir-se a Adalgisa, perante o altar de Vénus, em Roma, Norma irrompia com uma fúria vingadora, castigando-os

1.5-Odi ? I suoi riti a compiere (Vem cunprir os seus ritos)

Ouve-se a chamada do escudo sagrado de Irminsul, convocando os druidas à cerimónia ritual.Pollione vangloria-se do desprezo que lhe inspiram estes bárbaros cujo blasfemo santuário pensa destruir protegido pela força do seu amor por Adalgisa.


É seguramente um dos momentos mais dificeis do papel de tenor nesta ópera, já que não sendo uma ópera emblemática na carreira dos tenores, tem nesta cabaleta, sobretudo depois da intervenção do coro e do amigo Flávio, uma nova nuance quando diz "Me protegge, me difende", cuja mudança de tom para mi bemol maior, proporciona um ar mais brilhante no fim da mesma e o tenor eleva a sua voz até um si 3 de grande efeito

Polione acaba inflamado desafiando os deuses bárbaros que lhe roubam Adalgisa
dizendo

Desse deus que disputa
esta virgem celestial
incendiarei os bosques
derrubarei o seu ímpio altar



O video que ilustra 1.3,1.4 e 1.5 é cantado por Jon Vickers(Polione) e Gino Siniberghi (Flávio) em Orange em 1954




(continua)

NORMA-Ite sul colle o druídi



Localização

A acção decorre na Gália, no bosque sagrado de Irminsul e nos seus arredores, durante a época da ocupação romana, em data não especificada, cerca do ano de 50 a.c

1º ACTO

Cenário

Bosque sagrado dos druídas, dominado pela azinheira de Irminsul. A seus pés, encontra-se a pedra dos druídas que serve de altar. Pouco a pouco aparecem esquadras de guerreiros gauleses e uma procissão de druídas, liderados pelo chefe, Oroveso

1.1 Abertura

De uma forma geral a função das aberturas era a de indicar o início do espectaculo e favorecer o silêncio do público, mas a pouco e pouco foi ganhando um estatuto de peça orquestral estruturada em 3 partes (allegro-adágio-allegro). No entanto a partir de Verdi, a abertura começou a caír em desuso

A peça de abertura da Norma é uma das mais sublimes que Bellini escreveu. Acordes fortíssimos com percurssão e o insistente estalido dos pratos, uma série de frases orquestais, levam-nos finalmente a ouvir um tema de grande efeito que corresponde a um momento culminante da ópera, como mais tarde se verá.

1.2-Ite sul colle, o druídi (Ide, druidas, para as colinas

Esta ária e abertura é aqui cantada por CARLO COLOMBARA no papel de OROVESO



A sequência no inicio da opera é habitual, na maioria das óperas italianas do início do Romantismo, o primeiro acto principia com uma introdução cantada por um coro em que se intercala com a intervenção de uma das personagens neste caso do baixo, que canta aqui a sua breve cavatina .

Terriveis palavras
Nas ancestrais azinheiras dirá,
E a Gália libertará
Da aguia inimiga
E o som do seu escudo
Qual fragor de trovão
Na cidade dos césares
Tremendo soará











terça-feira, janeiro 02, 2007

NORMA-Personagens


È grande a exigência imposta á protagonista da Norma, sob o ponto de vista vocal,quanto á tecitura, necessitando-se duma soprano dramática de coloratura, como se designam as sopranos com voz de maior envergadura e consistência, habitualmente usadas também para cantar papéis wagnerianos.

Contrariamente ao que se pensa, as vozes femininas mais altas, designadas genericamente por sopranos, subdivide-se em várias classes, não sendo uniformes as suas vozes, e as exigência de cada obra envolvem, por sua vez, diferentes requisitos. Obviamente não deve pensar-se que todas as sopranos, estão habilitadas a cantar todas as óperas.Não é realmente assim, tanto que muitas situações negativas aconteceram, com graves consequência na carreira de algumas artistas, por não se ter salvaguardado este aspecto muitas vezes em nome de interesses comerciais

Pollione, pro-consul romano governador da Gália, é um papel que deverá ser entregue a um tenor lírico spinto,de bons registos agudos, mas dotados de voz delicada e flexível.

Adalgisa, sacerdotisa foi um papel escrito para soprano ligeiro, também chamada de coloratura exigindo-se poder cantar notas sobrea gudas, pelo que hoje em dia se opta por entregar este papel a mezzo-sopranos, pela facilidade com que por definição dominam essas notas.

Oroveso, grande sacerdote dos druídas e pai de Norma, é uma papel para ser cantado por voz baixo, termo que designa a mais grave das vozes masculinas.

Clotilde, ajudante e amiga de Norma, é um papel secundário, normalmente entregue a uma soprano

Flávio é por sua vez amigo e ajudante de Pollione, também é uma papel para tenor lírico de características idênticas ás referidas para Pollione.

NORMA-Introdução.1


Casta deusa, que prateias
Estes antigos e sagrados bosques
Vira para nós
O teu belo semblante
Sem núvem e sem véu
Sem véu, sim sem véu

(O coro repete basicamente o mesmo e ela terminará dizendo)

Abranda, oh deusa,
Abranda estes ardentes corações,
Suaviza o seu ciúme audaz,
E a paz que fazes reinar no céu
Derrama sobre a terra

Este é o trecho mais famoso de toda a Norma, que como disse sintetiza uma ideia de Paz, que a sacerdotisa roga á deusa Lua, e que satisfaz o desejo de conciliar o seu interesse pessoal, pelo amor que nutre pelo chefe militar do inimigo, mas ao mesmo tempo refreia os impetos de revolta do seu povo.

Considero soberba esta interpretação, fora de cena repito, pelo tempo certo a “coloratura” do seu canto e a sua expressão facial, no que aliás a tornou conhecida pela revolução que neste aspecto trouxe ao espectáculo, contrapondo-a a muitas outras estrelas, que se limitavam a cantar, desprezando por completo a componente cénica.

Fica a curiosidade desta directo da RAI em 1957, ter acontecido apenas 2 dias antes, duma das maiores broncas da sua carreira, pois após a interpretação desta mesma cavatina, na Òpera de Roma, na presença do Presidente da Republica e de membros do corpo diplomático, devido ao mau acolhimento dispensado pelo público á sua “Casta Diva”, se ter recusado a continuar a representação.


segunda-feira, janeiro 01, 2007

NORMA-Introdução

Começar por falar da NORMA, não obedece a qualquer critério. È “apenas” uma das mais belas óperas de sempre.

Escrita por Bellini sob libreto de Felice Romani, estreada em 1831 no Teatro Scala em Milão.A Norma estreou em Portugal em 3 de Junho de 1835, no teatro S.Carlos em Lisboa, cantado pela soprano Luisa Mathey, a mezzo Clara Delmastro no papel de Adalgisa e o tenor Domenico Furlani no de Pollione

A Norma é contudo uma versão um pouco suavizada de Medeia, tema que muitos autores já tinham posto em cena,nomeadamente a de Cherubini.

A figura central da sacerdotisa Norma é por isso inspirada na figura referida, possuíndo uma forte personalidade mágica ou religiosa e uma mulher enganada no seu antigo amor, desejosa de o recuperar recorrendo a qualquer meio; além disso a sua personalidade instável sofre, devido á existência de 2 filhos frutos desse amor, que nela despertam a tentação de os matar, para se vingar do amante infiel. No caso da Medeia é levada á prática, não o sendo contudo na Norma, personagem menos diabólica que respeitará a vida das crianças, humanizando por realce do papel de mãe, a personagem central.

Uma mulher de poder, uma sacerdotisa que na antiga Gália, significava o poder supremo da decisão da guerra ou da paz, no fundo da vida e da morte, de um povo subjugado, pelo poderio da águia romana. Contudo, pela força do seu amor, ela ilude a confiança que nela o seu povo deposita, pela necessidade pessoal de uma paz comprometedora, já que o seu amor era exactamente o pró-consul romano dominador, Pollione.

Por tudo isto se pode inferir que para além, das qualidades vocais da protagonista, se impôe que as suas características interpretativas, imponham uma presença dominadora em cena, que deixe bem vincadas as imensas contradições que o seu papel comporta.Normalmente, parece, sem prejuízo de outras opiniões que resultem das inerentes aos clubes de fãs, que também neste meio, não deixam de existir, que as sopranos que mais se aproximaram do “modelo ideal”, consignado á figura de Norma, são os níveis atingidos por Maria Callas, Monserat Caballé e Joan Sunderland, a diva australiana já retirada desde 1990 com 64 anos.