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quinta-feira, dezembro 06, 2007

Elixir do amor-Che cosa trova a ridere

O vídeo que agora se apresenta repete o dueto anterior entre Adina e Nemorino, mas continua para o terceto seguinte com a entrada do sargento Belcore.

Fora de cena entra cantando "na guerra como no amor o assédio aborrece e cansa"

Adina e ele trocam algumas palavras, fazendo um trocadilho entre a arte da guerra e o amor, acabando Belcore por perguntar

Fala anjo meu quando nos casaremos ?

Muito rapidamente responde Adina, afirmando depois perante a insistência do sargento

Dentro de sei dias.

Esta resposta provoca a gargalhada de Nemorino confiante que está nas propriedades do elixir.

Inicia-se então o curto terceto em que ao mesmo tempo cada um um canta o seguinte.

  • Belcore- " De que se ri este imbecil ? Se não sair daqui corro-o agora mesmo a pontapés"
  • Adina-"E pode tão tranquilo e alegre ouvir dizer que me caso.! Já não posso esconder a raiva que sinto.
  • Nemorino-"Fanfarrão ! Imagina tocar o céu com a mão ; mas a armadilha já está estendida, e amanhã dar-se-á conta".
De notar a excelente capacidade cénica de Rolando Villazón muito mais próximo do espírito do papel de Nemorino, que o anteriormente demonstrado por Alagna.

Clicar aqui para ver

domingo, novembro 18, 2007

Elixir do amor-Esulti pur la barbara

Absolutamente confiante nos efeitos do "Elixir" e nas palavras de Dulcamara, que o efeito da bebida só aconteceria no dia seguinte, Nemorino irradia felicidade, que não passa despercebida a Adina e que se interroga.

Inicia-se o segundo dueto entre os protagonistas, precedido dum recitativo de frases que cada uma vai dizendo para si próprio, ela manifestando a estranheza pela súbita boa disposição de Nemorino, que não espera, ele dando tempo ao tempo enquanto refreia os seus impulsos de correr para ela.

O dueto inicia-se quando Nemorino diz Esulti pur la barbara.

Que desfrute pois a bárbara
por pouco tempo das minhas penas !
Amanhã acabarão
amanhã amar-me-á

Replicando Adina

O infeliz quer
retirar suas correntes,
mas terá que as suportar
e ainda mais pesadas do que de costume

A segunda parte do dueto e mais dialogante

Nemorino-De acordo, po-la-ei em prática, para ver se resulta

Adina-E o anterior sofrimento ?

Nemorino-Espero esquecê-lo

Adina-E o antigo fogo ?

Nemorino-Rapidamente se extinguirá, basta esperar um dia e o coração a curará

Adina-Muito bem alegro-me muito, mas, contudo ... depois veremos.

Voltando depois a repetir o que disseram na primeira parte do dueto

O vídeo que seleccionei refere uma representação de Roberto Alagna, e Angela Gheorghiu em 1996 em Paris. Para ver clicar aqui

Alagna não deve ter a noção, que deve corresponder à interpretação cénica do papel de Nemorino. Independentemente da voz os cantores de ópera, não podem deixar de cuidar da interpretação o que infelizmente nem sempre acontece.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Elixir do amor-Obbligato, si Obbligato

Quando todos partem, Nemorino pede a Dulcamara o elixir do amor utilizado pela Rainha Isolda.

Dulcamara fica bastante surpreendido pela ignorância do jovem Nemorino, mas não perde a ocasião para lhe vender uma garrafa do "elixir" em troco de todo o dinheiro que tem nos bolsos.

Segue-se um interessante dueto, entre eles Nemorino agradece considerando-se muito feliz, enquanto em aparte Dulcamara vai dizendo

Pelos lugares que percorri

mais de um bobalhão encontrei,
mas um como este sem dúvida

não se encontra não senhor.


Depois Nemorino pergunta como se usa e Dulcamara explica


Com cuidado,
devagar, devagarinho,

agita-se um pouco a garrafa

destapa-se mas com cuidado,

que não fuja o vapor.

depois aproxima-se dos lábios

e bebe-se a sorvos,

e o efeito surpreendente
não se demora
em conseguir.


Nemorino pergunta quanto tempo é preciso para fazer efeito, a que o charlatão responde ser preciso um dia inteiro, tempo mais que suficiente para partir (diz em surdina).

Sobretudo pede-lhe silêncio, pois hoje em dia provocar o amor é uma coisa muito delicada.

Terminam o dueto ao melhor estilo rossiniano, com Dulcamara a dizer


Vê, mortal afortunado;

dei-te um tesouro,
todo o sexo feminino
amanhã suspirará por ti.

(mas amanhã ao nascer
estarei muito longe daqui)


E Nemorino afirma

Ah doutor ! Dou-vos a minha palavra
de que o beberei por causa de uma só,
por qualquer outra,
por muito bela que seja,

não sobrará nem uma gota.

(sem dúvida, uma estrela amiga
t
rouxe este até aqui)


(Para ver este trecho cantado por Jeremy Schoenberg (Nemorino) e Gil LipazDulcamara)

clicar aqui

terça-feira, outubro 30, 2007

Elixir do amor-Udite, udite o rustici

Entretanto toques de corneta anunciam a chegada à aldeia de uma vistosa carroça, que é imediatamente rodeada pelos habitantes da aldeia.

Estes ficam surpreendidos, perante o luxo da carruagem e dos seus ocupantes, aparece então Dulcamara, um curandeiro charlatão acompanhado por um lacaio.

Declara a sua condição de médico enciclopédico e proclama as excelência do seu licor, capaz de curar paralíticos ou aqueles que se afogam ou sofrem do fígado, convencendo os camponeses da sua autenticidade começando a vende-lo.

Esta extensa intervenção para voz de baixo, é uma ária exigente, quer sob o ponto de visto vocal, como também teatral.

Ouvi ouvi camponeses
tende cuidado e não respirai sequer
Dou por evidente e imagino
que tal como eu sabeis
que sou aquele grande médico
doutor enciclopédico
chamado Dulcamara.
cuja virtude ilustre
e os prodígios infinitos
são conhecidos no mundo inteiro...
e parte do estrangeiro.
Sou benfeitor de homens,
reparador dos males.
Em poucos dias eu esvazio
e limpo os hospitais e vou
vendendo saúde
pelo mundo inteiro.

Continua depois incitando à compra do produto milagroso.
Passando a enumerar os principais males que se podem curar.

Um septuagenário
ainda se converteu em
avô de dez crianças.
Graças a este Bebe e Sana
em menos duma semana
uma viúva afligida
deixou de chorar.
Vós austeras matronas
quereis rejuvenescer ?
Vossas rugas incómodas
com isto apagareis.
Quereis raparigas
ter a pele macia ?
Vós jovens galantes
ter sempre amantes ?
Comprai-me o meu específico,
no vo-lo dou barato.
O elixir move os paralíticos,
cura os apoplécticos,
os asmáticos, os asfixiados,
os histéricos e os diabéticos,
cura os que sofrem do tímpano,
escrofulosos e raquíticos
e até a dor de fígado
que ultimamente está na moda.

Acaba por anunciar o preço, da forma típica dos vendedores de banha da cobra.

Terminando a dizer

Para vos provar o meu agradecimento
por tão amável recepção,
quero, boa gente,
oferecer-vos um escudo.

O coro fica agradavelmente surpreendido e aplaude

Um escudo ? Realmente
homem mais simpático não se pode encontrar.

Dulcamara continua

Aqui está este estupendo
e tão balsâmico elixir.
Toda a Europa sabe que não o vendo
por menos de nove liras,
mas como é sabido
que sou vosso compatriota,
por três liras vo-lo deixo,
peço-vos apenas três liras,
assim pois, é tão claro como o Sol,
que a cada um que o queira
um escudo contante e sonante
no seu bolso faço entrar.
Ah quente afecto da pátria !
que milagres podes fazer !

Retorquindo o coro

Sim, é verdade, trazei cá.
Oh, que grande doutor sois !
Teremos da vossa chegada
uma prolongada recordação.


Marco Romano canta a ária de Dulcamara numa recita em Taormina em 18 Agosto 2007.

Para ver o clip referente a esta momento da ópera clicar aqui

quinta-feira, outubro 25, 2007

Elixir do amor-Una parola o Adina

Nemorino fica ciumento mais uma vez, pela presença do petulante sargento e talvez por esse motivo decide aproximar-se de Adina, declarando-lhe o seu amor, tentando conquista-la.

Adina começa por lhe dizer que se ocupe antes dos seus assunto, como por exemplo cuidar do seu tio moribundo, do qual poderá herdar uma fortuna.

O recitativo entre ambos é iniciado pela soprano com as palavras

Chiedi all aura lusinghiera
Pergunta à brisa brincalhona
porque voa sem descanso
ora sobre o lírio, ou sobre a rosa,
ora sobre o prado, ou sobre o arroio,
dir-te-á que a sua natureza
ser ligeira e infiel

Cujo tema é repetido por Nemorino

Chiedi al rio perché gemente
Pergunta ao rio porque é que, gemente,
desde a nascente em que brotou,
se dirige para o mar que o chama,
e ao mar vai morrer
dir-te-á que o arrasta
um poder que não sabe explicar.

A segunda parte da cabaleta tem um ritmo mais rápido.
Depois dum curto diálogo, onde Adina lhe pergunta o que é que ele quer ao que Nemorino responde

Morrer como ele (o mar), mas morrer seguindo-te.

Adina secamente diz-lhe "Ama outra nada te impede".

Recomendando-lhe

Per guarir di tal pazzia
Para te curar de tal loucura
que é loucura o amor constante,
tens de seguir a minha usança,
cada dia mudar de amante.
Como um prego tira outro prego,
o amor afasta o amor.
Desta forma eu rio o desfruto,
desta forma tenho livre o coração.

dizendo Nemorino

Te sola io vedo, io sento
Só te vejo a ti, eu sinto-te
dia e noite, em cada objecto,
em vão tento esquecer-te.
Tenho o teu rosto esculpido no peito,
mudando como tu fazes,
podes esquecer-se qualquer outro amor,
mas não se pode, nunca se poderá
tirar o primeiro do coração.

O clip que encontrei, refere uma apresentação em Tóquio em 1974, cantado por Maria Callas e o seu parceiro vocal preferido Giuseppe di Stefano. Clicar aqui

sexta-feira, outubro 12, 2007

Elixir do Amor-Come Paride vezzoso

A 2ª cena do 1º acto começa com a chegada do sargento Belcore (barítono), introduzido por uma marcha militar, canta a sua cavantina, onde a primeira parte parece ser própria de um homem de grande porte, mas depressa se descobre pelo texto e por uma certa rapidez no ritmo, que a personagem não é mais do que um pretensioso.

A cavantiva liga-se directamente a um trio entre Adina, Belcore e Nemorino, que revela influência de Rossini..

Quando Belcore entra, dirigindo-se a Adina, depois de a saudar oferece-lhe um ramo de flores, dizendo

Como Páris galante
entregou a maçã à mais bela,
mina querida camponesa,
eu te entrego estas flores.
Mas sou mais glorioso do que ele
mais feliz do que ele eu sou
dado que como prémio do meu obséquio
obtenho o teu belo coração.

Presunçoso, mesmo depois de Adina ter comentado entre dentes, ironicamente para as outras mulheres um "é modesto, o rapaz", continua

Vejo bem nesse rostinho,
que fiz uma brecha em teu peito,
Não é coisa surpreendente;
dado que sou galante e sou sargento.
Não há beleza que resista
à vista dum penacho,
a Marte, Deus da guerra,
até Cupido se rende

Perante o pânico de Nemorino, pelo sorriso de Adina ela responda à pergunta de Belcore, sobre o dia em quer o casamento, dizendo-lhe que não tem pressa, que quer pensar um pouco.

Belcore continua

Não percas mais tempo por Deus
voam os dias e as horas
na guerra e no amor
é um erro hesitar.
Rende-te ao vencedor,
de mim não podes escapar.

Não eram estas as palavras ideais para a conquista de Adina, que repele a vaidade dele, afirmando que "não é assim tão fácil conquistar Adina".

Ao longe Nemorino assiste à cena lamentando a sua timidez que o impedem de "lhe explicar as minhas penas e talvez tivesse piedade".

O coro e a criada Gianneta, comentam

Seria coisa para rir
se Adina se deixasse apanhar,
se a todos nos vingasse
este militar.
Sim sim, mas é raposa velha
e com ela não se pode brincar.

Belcore convencido e julgando-se já vencedor pede a Aldina, que conceda aos seus guerreiros descanso sob um tecto, ao que Aldina responde

Com boa vontade.
Considerar-me-ei feliz,
por vos oferecer uma garrafa.

e virando-se para os trabalhadores diz-lhes

Vós podeis recomeçar,
os lavores do campo interrompidos.
Já cai o Sol.

O vídeo que se pode ver clicando aqui é referente a um espectáculo no
Liceu de Barcelona em 2005 com o seguinte elenco :

Mariela Devia-Adina
Raúl Gimenez-Nemorino
Víctor Torres-Belcore
Cristina Obregón-Giannetta.

terça-feira, outubro 09, 2007

Elixir do amor-Della crudele Isotta

Quando Nemorino acaba a sua intervenção, recupera o tema do coro, que é interpretado logo de seguida por todos os elementos.

Uma ligeira troca de palavras entre Adina e a sua criada Giannetta, em que esta questiona a sua patroa, acerca da razão porque se ria da sua divertida leitura. Adina responde-lhe que é a história de Tristão, uma história de amor.

Os trabalhadores pedem-lhe então que a leia.

Dá-se então início à cavantina de Adina, em que diz o seguinte :

Pela cruel Isolda
o belo Tristão ardia,
nem um pouco de esperança
tinha de possuí-la um dia.
Quando se pôs aos pés
de um sábio mago,
que lhe deu um frasco
com um certo elixir de amor,
pelo que a bela Isolda
dele não conseguiu jamais fugir.

O coro responde que um elixir de tão perfeita e rara qualidade, oxála se soubesse a receita.

Adina continua a história

Mal ele bebeu um sorvo
do mágico frasco
o coração rebelde
de Isolda enterneceu-se.
Mudada num instante,
aquela beleza cruel,
foi amante de Tristão
e aquele primeiro sorvo,
para sempre abençoou.

Acabando o coro por repetir o que havia dito anteriormente.

Tudo isso é seguido atentamente por Nemorino.


domingo, outubro 07, 2007

Elixir do Amor-Quanto é bella quanto é cara

Segue-se a primeira intervenção de Nemorino, a sua cavantina onde se descobre o carácter desta personagem, é uma passagem de grande beleza onde a sua inquietação amorosa é evidenciada.

Nemorino está à beira do desespero, pois o casamento de Adina com o sargento Belcore, está anunciado e mais do que isso, foi antecipado para a tarde daquele mesmo dia.

Nemorino canta

Como é bela e adorável
Quanto mais a vejo, mais gosto dela,
Mas a essa coração não sou capaz
de inspirar o menor afecto
Ela lê, estuda, aprende
Para ela não há coisa desconhecida
Eu sou um idiota
que não sabe mais do que suspirar
Quem me iluminará a mente ?
Quem me ensinará a fazer-me amar ?

Fica a nota desta cavantina cantada por Nicolai Gedda clicando aqui.

Gedda é um tenor sueco nascido em 1925, que suponho hoje já completamente retirado.
Considerado por alguns o mais versátil do século 20, como atestam as suas mais de 200 gravações em papéis muito diferentes.

Ou, preferindo a versão cantada por Rolando Villazon, clicar aqui

Tenor mexicano nascido em 1972, radicado em França, considerado um dos melhores tenores líricos da atualidade.

sábado, outubro 06, 2007

Elixir do Amor-Bel conforto al mietitore

O Elixir do Amor uma ópera de Donizetti em dois actos foi estreada em Milão em 1832, com libreto de Felice Romani.

Esta ópera foi classificada inicialmente, como ópera buffa, só porque contém alguns elementos de comédia, não habituais nas óperas "sérias" do bel-canto.

A começar pela papel do protagonista Nemorimo, um tanto parvo, simplório e ignorante.

Contudo alguns elementos característicos da ópera buffa, não estão caracterizados nesta ópera.

Nemorino não tem criado para casar com a criada confidente da protagonista.

Adina a protagonista casadoira, não têm pai. Ela própria é independente , rica perfeitamente apta a resolver os seus problemas quer financeiros quer matrimoniais.

O militar fanfarrão típico da opera buffa, está aqui representado pelo sargento Belcore, rival de Nemorimo, com um papel mais importante do que naquele tipo de óperas.

O próprio ambiente rural em que se desenrola esta ópera afasta-a do cénico urbanismo buffo.

Enfim, alguns detalhes que culminam na diferença inevitável na opera buffa dos casamentos múltiplos, contudo problema esse já simplificado desde Rossini.

A esta ópera está associada á morte de Caruso, que adorava cantar esta ópera tanto assim que em Dezembro de 1920, cantava em Nova Iorque no Metropolitan a representação número 604, no papel de Nemorino, quando subitamente em pleno palco teve um ataque de tosse que lhe provocou uma hemorragia.

Foi o primeiro sinal do seu fim, que viria a acontecer em Nápoles, poucos meses mais tarde, cantando o papel que mais gostava, numa ópera que contribuiu para que ainda hoje se mantenha interessante.

A acção passa-se numa pequena aldeia no País Basco. Adina é dona de tudo quanto se vê em cena, e os segadores, são seus empregados, que descansam sob uma grande árvore, refugiando-se dos ardores do sol.

Boa fazendeira, á moda antiga, (muito antiga digo eu) não se preocupa com a produtividade dos seus empregados, ocupando-se da leitura de um romance.

A ópera começa com breves compassos de tom cómico, que são seguidos por um tema mais dramático em que os instrumentos de corda acompanham a flauta.

O tema do coro acompanhado pela criada Giannetta, serve de introdução ao primeiro acto, cantando

Doce consolo para o segador
Quando o sol está mais ardente
é sob uma faia ao pé duma colina
repousar e respirar
O vivo ardor do meio-dia
ameniza a sombra e o rio
mas o amor ardente
nem rio nem sombra podem acalmar.
Afortunado o segador
que dele se pode guardar

Para ver o clip clicar aqui

sexta-feira, setembro 28, 2007

Requiem de Verdi-Libera me

A extraordinária sequência final do Requiem cantada pela Grande Monserat Caballé e o coro na arena de Verona em 1980 é uma maravilha.
Pena de conseguir um gravação de maior qualidade

Para ver, são dois vídeos, clicar aqui

Ou para ouvir Leotyne Price com melhor qualidade clicar aqui

Libera me, Domine, de morte aeterna,
in die illa tremenda,
quando coeli movendi sunt et terra.
Dum veneris judicare saeculum
per ignem.
Tremens factus sum ego, et timeo,
dum discussio venerit atque
ventura ira
quando coeli movendi sunt et terra.
Dies illa, dies irae, calamitatis et miseriae,
dies magna et amara valde.
Dum veneris judicare saeculum
per ignem.
Requiem aeternam dona eis, Domine
et lux perpetua luceat eis.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Cavalleria Rusticana-Viva il vino

Entretanto acaba a missa e todos os aldeões se reúnem em pequenos grupos. Mamma Lucia atravessa a praça e vai para casa, enquanto todos se vão despedindo uns dos outros.

Turiddu dirige-se a Lola, mas ela insiste em procurar o seu marido, ele então pega num copo e dirige-se á multidão cantando "Viva il vino spumeggiantte", num brinde

"Viva o vinho que é sincero
que conforta os nossos pensamentos
e afoga a nossa tristeza
embriagando-nos docemente"
que todos aplaudem e brindam, dizendo
"bebamos bebamos
Viva o vinho espumoso"

Para ouvir Plácido Domingo clicar aqui

quarta-feira, setembro 12, 2007

Blog em reconstrução

Este blog está em reconstrução

Estou tentando repor alguns vídeos que foram retirados pelo you tube e que distorceram o objectivo com que tinha concebido este blog.
De moment estou tentando repor a Cavalleria Rusticana.

Entretanto do meu blog Musicopera tenho publicadas alguns trechos de ópera que considero mais interessantes

Luís Maia

terça-feira, julho 17, 2007

Ileana Cotrubas

Talvez os melómanos mais fundamentalista, não colocassem esta soprano romena na galeria dos grandes nomes.

Eu desde que a ouvi cantar em Lisboa em 1975 o papel de Gilda do Rigoletto, aliás uma das suas imagens de marca, nunca deixei de seguir a sua carreira, admirador como sou da sua linda voz.

Esta soprano lírica romena nascida em 1939, especialista nos papéis que requerem uma certa carga emotiva, desempenha a preceito papéis como o de Mimi em La Bohème, a doce Susana nas Bodas de Figaro, ou mesmo a Tatiana de Eugéne Onéguine de Tchaikowsky.

Estreou-se em Bucareste em 1964 no papel do pequeno Yniold de Pelléas etMelisande de Debussy, revelando uma outra faceta que marcou grande parte da sua carreira, pelo facto da sua figura franzina se ajustar a papeis de menino ou de rapaz em "travesti".

Retirou-se em 1990 dedicando-se desde então ao ensino.

O primeiro vídeo é precisamente de 1990 e trata-se no fundo duma gracinha. Um conjunto de artistas reuniu-se em Viena para uma Gala a favor da Roménia, todos em cena para fecho do espectáculo cantam O Brinde de La Traviatta de Verdi.

A curiosidade dos papéis de Alfredo serem repartidos por José Carreras e Plácido Domingo e o de Violette por Agnes Baltsa primeiro e Cotrubas depois.

No segundo uma ária da opereta de Franz Lehar, Giuditta que não conhecia, já que normalmente só se fala da Viúva Alegre. A beleza da voz de Ileana em 1996, já depois de retirada, continua associada à sua extrema graciosidade em palco.

segunda-feira, julho 16, 2007

La Bohème 14-Final

Esta peça final de Lá Bohème, incluí a publicação anterior e a parte final da ópera.

As explicações sobre o enredo desde o início do dueto "Sono Andanti" até ao desfalecimento de Mimi e a entrada em cena de Schaunard estão descritas na mensagem anterior.

Agora Mimi diz que está bem e chamando Musetta diz-lhe agarrando no regalo, que ele "é belo e suave, acabaram-se as mão pálidas. O calor as embelezará" o depois perante o choro de Rodolfo, lhe diz "estou bem, chorar assim porquê ? Aqui amor ,,, sempre contigo".

Entretanto Musetta reza

"Nossa senhora bendita
faz a graça a esta pobrezinha
para que não morra"

e depois após uma interrupção para dizer a Marcello, para que a protejam do frio, continua

" e que possa curar-se
Nossa Senhora santa, eu sou
indigna de perdão
enquanto Mimi
é um anjo do céu".

Entretanto Schaunard comunica a Mercelo que Mimi faleceu e quando Rodolfo se apercebe do sucedido, grita por duas vezes desesperadamente o nome de Mimi.

Alagna e Gheorghiu interpretam esta cena final .

segunda-feira, julho 09, 2007

La Bohème.13

A soberba interpretação cénica de Ileana Coturbas, a soprano romena, praticamente dispensa a explicação dessa ária "Sono andati ?Fingevo di dormire".

"Foram-se embora ?
Fingia dormir
porque queria ficar sozinha contigo
tenho tantas coisas para te dizer,
Tenho uma só,mas grande como o mar
como o mar profundo e infinito
és o meu amor e toda a minha vida"

(Este é o tom e característica da óperas de Puccini, a musica sublinha sempre a caracterização romântica da sua obra qualquer que seja o libertista.)

Continua o dialogo entre ambos, perguntado~lhe ela se ele ainda a achava bela, "como a aurora responde-lhe Rodolfo.

"Enganaste-te na comparação
querias dizer bela como um ocaso"

A música sublinha entretanto a música do primeiro acto , quando se conheceram e ela repete recordando

"Chamam-me Mimi ...
porquê não sei..."

Rodolfo mostra -lhe a touca que lhe oferecera e continuam recordando o tempo em que se conheceram, quando ela perdera a chave e ela graciosamente diz-lhe

"Meu belo menino
posso bem dizê-lo agora
encontrou-a muito depressa"

continuando depois

"Estava escuro e o meu rubor
não se via
Que mãos tão frias
deixe-me aquecê-las
Estava escuro e tu agarravas
as minhas mãos"

Mas é tomada por um espamo de asfixia e deixa cair a cabeça, esgotada, no momento em que Schaunard entra.

sexta-feira, julho 06, 2007

La Bohème.12

Musetta entra e não traz boas notícias, entra em grade aflição pedindo ajuda para Mimi, que a acompanha e está ali em perigo de vida.

Depois de acomodada Musetta conta-lhes que a encontrou na rua e que ela lhe diz que se sente a morrer e que queria morrer com Rodolfo.

Mimi pede que a deixem olhar à volta e diz que se sente ali muito bem, sente-se renascer e que ainda sente vida ali.

Musetta constata que nada há ali para se comer ou beber, enquanto Mimi diz que tem muito frio, se ao menos tivesse um regalo para aquecer as mãos geladas.

Musetta desfaz-se dos brincos e dá-os a Marcello para ele ir comprar medicamentos, enquanto Colline resolve empenhar o seu velho sobretudo, cantando uma famosa ária "Vecchia zimara senti" (uma das minhas favoritas para voz de baixo). Nessa ária ele despede-se do seu velho sobretudo lembrando os dias que passaram juntos.

"Nunca curvaste o puído dorso
aos ricos e aos potentes
Passaram pelo teus bolsos
como em antros tranquilos
filósofos e poetas.
Agora que os dias alegres se foram
digo-te adeus , fiel amigo meu,
adeus, adeus"

Saíem todos deixando Mimi e Rodolfo sozinhos.

quinta-feira, julho 05, 2007

La Bohème.11

O último acto passa-se na velha mansarda do Quartier Latin, Marcello e Rodolfo discutem os falhanço da suas vidas amorosas enquanto trabalham. Rodolfo conta como viu Musetta numa bela carruagem e Marcello retribui com descrição de Mimi, vestida como uma rainha, obviamente mantida por algum protector rico.

Rodolfo pega na touca de Mimi e recorda o amor e felicidade perdidos,(o Mimi tu più non torni) enquanto Marcello reconhece que a única coisa que sabe pintar é a face de Musetta.

Aparecem Schaunard e Colline que trazem um jantar miserável- pão e um arenque salgado-porém os quatro amigos depressa esquecem as suas mágoas ao improvisar um acto de variedades, que inclui um fandango e um duelo a rigor.

No auge da animação a porta abre-se e entra Musetta.

José Carreras canta o papel de Rodolfo e Vicente Sardinero o de Marcelo numa récita em Barcelona em 1980, porém o segundo vídeo é uma peça magnifica junta Pavarotti, no papel do tenor Rodolfo e Plácido Domingo no de Marcello, um papel de barítono, que ele tenor interpreta magnificamente, num documento gravado fora de cena, contendo apenas o dueto inicial.

Aliás é conhecida a sua apetência na fase final da sua carreira, por cantar o papel barítono em Simão Boccanegra



quarta-feira, junho 27, 2007

La Bohème.10-Final 3º acto

Rodolfo pergunta-lhe então se é mesmo verdade que tudo tenha acabado, ela responde-lhe evocando recordações da vida passada entre ambos, num diálogo cheio de ternura.

Ela recorda o doce acordar da manhã ele a vida sonhadora, ela sorrindo diz-lhe que se acabaram os raspanetes e os ciúmes que ele interrompe dizendo-lhe que eram acalmados por um sorriso dela. Ela recorda a pungente amargura que ele remata que sendo um verdadeiro poeta rimava com candura.

Terminando dizendo os dois "Ficar sozinho no Inverno é coisa de morrer. Enquanto na Primavera, o sol é companheiro".

Entram Musetta e Marcelo, como sempre em discussão e em desafio, estabelecendo-se um clássico quarteto de diálogos cruzados, nessa altura discussão e ciúme , por outro lado amor e nostalgia por outro , "quando floresce a Primavera o sol é companheiro" dizem "tagarelam as fontes e brisa da noite cobre de bálsamos o sofrimento humano".

Enquanto os outros gritam "eu não faço de bobo aos principiantes ousados", e Musetta reclama "eu faço amor com quem quiser" e Marcello chama-lhe "frívola e casquilheira", continuando a trocar acusações "pintor de paredes", "víbora", "sapo", "bruxa".

Entretanto Mimi e Rodolfo decidem em grande enlevo que se deixarão apenas na estação das flores.

Luciano Pavarotti (Rodolfo),Lorenzo Saccomani (Marcello) e Lucia Popp (Musetta), juntam-se agora a Ileana Coturbas, no espectáculo de 1979, anteriormente referido.

Uma referência acerca das imagens finais do soberbo Scala e a recordação da cópia, o nosso picolo Scala, o Teatro S.Carlos

La Bohème-Donde lieta usci

Como disse anteriormente a tosse e os soluços revelaram a presença de Mimi, Rodolfo tenta levá-la para dentro do café por estar mais quente, mas Mimi recusa diz-lhe então que

Ficou feliz por ter correspondido ao grito de amor dele, mas que irá voltar ao solitário ninho e voltará a tecer flores, despede-se dele sem rancor "addio senza rancore".
As poucas coisas que tem deixou espalhadas, na gaveta dela encontram-se a aliança de ouro e o livro de orações, pede-lhe que embrulhe tudo num avental que ela mandará buscar.
Debaixo da almofada, está a touca cor-de-rosa, se ele quiser guarde-a como recordação de amor e despede-se dele dizendo de novo "addio senza rancore".

Foi Edison que disse numa carta em 1920 "os homens morrem, os governos mudam, mas as canções da Boheme viverão para sempre.

Angela Gheorghiu canta esta ária







sexta-feira, junho 22, 2007

La Bohème-Mimi é una civetta


O tenor mexicano Arturo Chacon-Cruz (Rodolfo) e o Barítono americano Mark Walters, cantam este dueto.

Rodolfo acorda e chama por Marcello, as primeiras palavras que diz ao sair da estalagem, são de que tenciona separar-se de Mimi, confessa a sua natureza ciumenta, e o amigo diz-lhe para ele mudar de atitude, pois dos loucos é o amor sombrio, que lágrimas destila, se não ri e brilha o amor é louco e fraco.

Chama-lhe lunático, maçador, teimoso e ciumento.

Rodolfo diz que ela é uma "civetta"que namorisca com todos, que se pavoneia e destapa o tornozelo com modos permissivos e lisonjeiros a um filho dum visconde.
Diz que a ama, sobre todas as coisas na terra,mas. mais do que tudo, mostra-se preocupado com o estado de saúde dela diz que ela está muito doente, cada dia declina mais e que está condenada, uma tosse terrível o fraco peito sacode.

Lamenta a sua impossibilidade financeira de cuidar de Mimi, diz que o quarto dele é um pardieiro, o lume apagado, o vento entra por todo o lado, porém ela canta e sorri , mas o remorso assalta-o por causa do fatal mal que a assalta.

Mimi escondida ouve tudo e vai lamentado a sua sorte, enquanto Marcello se comove e Rudolfo diz que ela é um flor delicada, mas para voltar a chamá-la à vida não basta o amor.

A tosse e os soluços violentos acabam por revelar a presença de Mimi.



domingo, junho 17, 2007

La Bohème-Speravo di trovarvi qui

Ao alvorecer numa manhã fria de Fevereiro, Os guardas da portagem mostram-se relutantes em abrir as portas aos vendedores e varredores.

A cena passa-se numa das portas de entrada de Paris, Os varredores gritam e batem com as vassouras nas cancelas, para que os guardas os deixem passar.

Vêm abrir a cancela e pouco depois passam uma leiteiras, aparecendo Mimi, que pergunta ao sargento onde fica a taberna onde trabalha um pintor e a seguir pede a uma criada, que entre para avisar Marcelo, que ela pretende falar-lhe.

Ele aparece e conta-lhe que estão ali há um mês a expensas do taberneiro, ele pinta e Musetta ensina canto aos clientes.

Mimi conta-lhe que Rudolfo consome-se por ciúmes infundados. mesmo á noite fingindo dormir sente os seus olhos e espiarem-na e pede ajuda a Marcello
.

Marcello conta-lhe que no caso dele de Musetta tudo é diferente amam-se com alegria, cantos e risos, "eis a flor de invariável amor", mas aconselha que no caso deles é melhor separarem-se .

Mimi entretanto tosse, explicando a Marcello que se sente exausta, mas este procura convencer Mimi a ir-se embora por forma a evitar mais uma cena de ciúmes.

Angela Gheorghiu canta o papel de Mimi e Franck Ferrari o de Marcelo





quinta-feira, junho 14, 2007

La Bohème-Chi I ha richiesto-Final do 2ºActo

O mesmo elenco continua o clip anterior.

Ouvem-se os acordes duma banda militar que se aproxima.
Musetta pede ao criado que adicione a despesa dos boémios à conta de Alcindoro.

O grupo de amigo sai de cena. seguindo atrás da fanfarra. O amante de Musetta, com os sapatos recém-comprados, chega mesmo a tempo do criado lhe apresentar a choruda factura.

quarta-feira, junho 13, 2007

La Boheme-Quando m en vou

O segundo acto tem por cenário uma praceta no Quartier Latin, em frente ao café Momus.É noite de Natal e uma multidão de pessoas passeia junto ao café, entre a algazarra de crianças e vendedores .

Schaunard compra um cachimbo e uma trompa, Colline uma samarra. Rudolfo entra com Mimi numa loja de modista e compra-lhe uma touca de rendas e contemplam um colar de colar numa joalharia. Colline, Schaunard e Marcello, sentam-se numa mesa em frente ao café. Rudolfo entra com Mimi e apresenta-a aos seus amigos.

Entretanto chega Parpignol o vendedor de brinquedos que faz as delicias dos miúdos. Mimi mostra a todos a nova touca o que entristece Marcello que se recorda das infidelidades da sua Musetta. Para desanuviar o ambiente propõem uma saúde.

Estas cenas de rua não se encontram documentadas, por não ter encontrado nenhuma gravação nas buscas que fiz, realmente sob o ponto de vista do canto, não acrescentam nada de importante contudo são bastante belas e movimentadas as passagens da ópera neste início do II acto.

O que vai seguir-se após a cena do brinde, é a entrada de Musetta acompanhada por um velho e rico admirador, Alcindoro a quem ela faz a vida negra.

Marcello descreve-a a Mimi, bastante impressionada com o espavento do vestido de Musetta, diz-lhe que o nome dela bem poderia ser Tentação e que é como a rosa dos ventos, sempre a mudar de direcção e de amante-um pássaro voraz cujo prato predilecto é o coração.

Rudolfo aproveita para prevenir Mimi de que é muito ciumento e que não lhe perdoaria a mais pequena traição.

Musetta canta a sua famosa canção em tempo de valsa (Quando m en vo) descrevendo a maneira como toda a gente olha para ela quando passeia pela ruas; tudo isto para grande irritação de Marcello e embaraço de Alcindoro a quem ela trata por Lulu.

Decidida a conquistar Marcello uma vez mais, queixa-se de forte dor num pé e obriga Alcindoro a ir comprar-lhe mais um para de sapatos.

Marcello vencido diz que a sua juventude ainda não morreu, que a memória ainda está fresca e cai nos braços de Musetta.

(Mimi) e Maria José O video foi cantado em 2006 no Teatro Colon, pelas sopranos Angela Maria BlasiSiri (Musetta), o tenor Massimiliano Pisapaia em Rudolfo e o barítono Gustavo Gilbert como Marcello.

terça-feira, junho 05, 2007

La Bohème-O soave fanciulla-Final do 1ºActo

Ouvem-se vozes impacientes, dos três amigos, chamando Rudolfo da rua. Ele responde-lhes que não está só e pede-lhes para irem andando para o café Momus, que ele lá irá ter.

Inicia-se então o primeiro dos duetos entre soprano e tenor (O soave fanciulla)
Em que Rudolfo lhe diz como é doce a face dela iluminada pelo luar, vislumbrando o sonho com que gostaria sempre de sonhar, ela responde-lhe que ele comanda, fazendo descer os seus doces carinhos até ao coração.

Rudolfo beija-a, mas ela afasta-o, lembrando-o que os amigos o esperam.Diz-lhe que vai com ele e com alguma malícia deixa no ar a hipótese de ficar com ele.

Ele pede-lhe o braço (Dammi il braccio mia piccina) e jurando o seu amor retiram-se.

A soprano romena Georghiu e o seu marido na vida real o tenor Roberto Alagna, cantam, numa gravação recolhida em Orange em 2005 o mesmo trecho.

Já li que Alagna é considerado o sucessor de Pavarotti, duvido que assim seja,a menos que estude muito.



domingo, junho 03, 2007

La Boheme-Si mi chiamano Mimi

É então a vez de Mimi se apresentar "Si mi chiamano Mimi, ma il mio nome é Lucia".

Diz que a sua história é breve.É bordadeira, tranquila e feliz, divertindo-se a representar lírios e rosas, gosta de coisas simples das coisas que falam do amor, da primavera, coisas que falam de sonhos e de quimeras, aquelas coisas que se chamam poesia.

Depois de ter perguntado a Rudolfo se ele a percebia, continua dizendo que vive sozinha, que nem sempre vai á missa, mas reza com frequência ao Senhor.

Porém quando chega o primeiro degelo, o primeiro sol é dela e o primeiro beijo de Abril também.

Acaba dizendo

"Rebenta uma rosa num vaso.
Folha a folha a espio
Tão gentil o perfume de uma flor
Mas as flores que eu faço infelizmente
não deitam cheiro"

Depois como que pedindo desculpa

"Mais não saberia que dizer-lhe, sou a sua vizinha
que o vem importunar fora de horas!

Mirella Freni para muitos (incluo-me nesse número) a melhor Mimi de sempre, canta num espectáculo em Hamburgo em 1973)

Para ver clicar aqui


La Boheme-Che gélida manina

Logo que se despede dos amigos Rudolfo tenta trabalhar, nas não consegue concentrar-se. Batem à porta.é Mimi, uma vizinha que pede a Rudolfo uma luz porque a sua vela se apagara, quando subia a escada.

Seduzido pela beleza dela, manda-a entrar e ajuda-a a vencer um ataque de tosse e o cansaço da subida da escada que a leva a um desfalecimento. Oferece-lhe um copo de vinho após o que ela pretende retirar-se mas volta logo em seguida, porque terá perdido a chave da sua casa.

Os dois começam a procurá-la. Rudolfo encontra-a mas esconde-a.

A luz providencialmente apaga-se e na escuridão Rudolfo encontra e acaricia a mão gelada de Mimi.

O poeta conta-lhe então a sua vida, a sua pobreza, os seus sonhos e como os olhos dela exerceram um poder mágico sobre ele (Che gelida manina, se la lasci riscaldar).

Ele diz-lhe também, que, tem uma alma milionária, mas que por vezes do seu cofre roubam todas as jóias, dois ladrões, os belos olhos.

Porém não se incomoda com o roubo, porque em seu lugar apareceu a esperança, pede-lhe então que se apresente.

"Agora que já me conhece
falai vós, contai-me.
Quem sois ? Gostaria de dizer-me ?

Quanto ao protagonista nada a acrescentar é Luciano Pavarotti, Ileana Cotrubas.
Para ouvir clicar aqui

quarta-feira, maio 30, 2007

La Boheme-Questo mar rosso

Giacomo Puccini nasceu a 23 de Dezembro de 1858 na cidade italiana de Lucca, duma família de músicos foi-lhe imediatamente cultivado a vocação musical. Estudou com Amilcare Ponchhielli, no Conservatório de Milão,formando-se com elevada classificação.

A celebridade começou logo com a primeira partitura Le Villi, cuja parte de tenor foi criada pelo nosso compatriota António de Andrade.

Em 1896 no Teatro Reggio de Turim, Puccini estreia La Bohème, um dos maiores êxitos da história do teatro moderno, sobre libreto de Giuseppe Giacosa e Luigi Illica extraído do romance Scénes de la vie bohème do poeta francês Henri Murger.

A peça inicia-se numa mansarda no Quartier Latin de Paris, onde dois artistas, o poeta Rudolfo e pintor Marcello, trabalham, queixando-se da miséria que passam e do frio que são obrigados a suportar por falta de lume para se aquecerem. É noite de Natal lá fora todas as chaminés deitam fumo, excepto a deles.

Marcello lembra-se que queimar uma cadeira, mas Rudolfo opõe-se, oferecendo antes o seu último trabalho literário, um drama em vários actos que em fumo subirá aos céus.

Entra Colline um filósofo que vive com eles, queixando-se de não ter conseguido empenhar os seus livros, pelo facto das lojas de penhores estarem fechadas.

O último habitante da casa o músico Schaunard, entra seguido por marçanos que trazem comida, bebidas, lenha e charutos, explicando que arranjou dinheiro porque um Lord inglês o contratou , para tocar piano até matar um papagaio tagarela no andar de baixo, tendo tocado durante 3 dias.

Os outros artistas mostraram pouco interesse na explicação devido à excitação da inesperada ceia.

Batem à porta é o velho senhorio Benoit, que vem reclamar o pagamento de velhas rendas liquidar.

Entretêm-no com vinho, disfarçando a conversa, convencendo-o a contar as suas aventuras amorosas, mas depressa fingem grande indignação e expulsam-no da mansarda, quando Benoit confessa a sua preferência por raparigas gordas acrescentando

"As mulheres magras são um sarilho
e, muitas vezes preocupações
e sempre cheias de dores
olhem por exemplo a minha mulher"

Novamente a sós resolvem ir festejar o Natal, no café Momus, mas como Rudolfo tem que escrever um artigo para um jornal, fica sozinho prometendo reunir-se aos amigos logo que se despache.

terça-feira, maio 22, 2007

O Trovador-(Final)

Depois de Azucena ter adormecido, entra Leonora que diz a Manrico que está livre, mas que ela não a pode acompanhar.

Este não quer ouvir falar de fugir, sem ser com ela e indigna-se quando percebe que Leonora obteve o seu perdão em troca de se vender ao conde, depois de ter perguntado

"mas fixa em mim, mulher, o teu olhar
de quem obtiveste e a que preço ?
Não queres falar ?
Que tremendo raio de luz
Do meu rival ! Compreendo ! Compreendo !
vendeste o teu amor a esse infame"

Ela acaba por confessar-lhe que se envenenou, que "tem a morte no meu seio" e que "a força do veneno foi mais rápida do que eu pensava" e que "em vez de viver sendo de outro, preferi morrer sendo tua".

(Embora aparentemente pareça tratar-se dum dueto, estamos em presença dum terceto, pois ouve-se a voz de Azucena, aparentemente sonhando alto cantando a passagem que foi referida no apontamento anterior "Aos nossos montes regressaremos").

A entrada do conde Luna reforça a manutenção do terceto, pois Azucena voltará a dormir.

Entretanto Manrico percebe por fim o sacrifício da amada,"louco de mim e eu este anjo ousei amaldiçoar" e o Conde que foi enganado, "quis enganar-me e morrer por ele".

Leonora morre e o conde ordena assinalando Manrico "levem-no para o suplício".

Acabando a ópera com o seguinte diálogo

Manrico : Mãe, oh mãe, adeus
Azucena (acordando): Manrico ! Onde está o meu filho ?
Luna: Corre para a morte
Azucena : Ah para escuta-me
Luna : Vê-lo ?
Azucena : Céus !
Luna: Já morreu
Azucena : Era teu irmão !
Luna : Ele ? Que horror!
Azucena : Já estás vingada, oh mãe
Luna : E eu ainda vivo

Cantam Ludovic Spiess(Manrico), Caballé (Leonora), Irina Arkhipova(Azucena) num espectáculo de 1972


sábado, maio 19, 2007

O Trovador-Si la stanchezza

O segundo quadro do último acto começa, no cárcere da prisão do castelo de Aliaferia, onde Manrico e Azucena esperam a hora fatal. Ela julga que já a vêm buscar para o suplício, mas o filho conforta-a. A cigana mais uma vez relembra a terrível visão da morte da mãe.

Manrico tenta acalmá-la e cantando o bonito duo "Si la stanchezza"

Sim a fadiga, oprime-me ó filho
fecho os meus olhos para dormir
mas quando se veja a arder
a horrível chama da fogueira, desperta-me

respondendo Manrico

repousa oh mãe e que Deus conceda
imagens menos tristes ao teu sono

e Azucena com as cadenciosas frases "Ai nostri monti ritorneremo"

Aos nossos montes retornaremos
a antiga paz ali desfrutaremos
Tu cantarás com o teu alaúde
e eu dormirei um sono plácido

Azucena adormece por fim enquanto Manrico vigia a seu lado.

Luciano Pavarotti e a mezzo Marilyn Horne no papel de Azucena.

terça-feira, maio 15, 2007

O Trovador-Mira di acerbe lagrime

O conde Luna sai do castelo dando as últimas ordens sobre a morte dos prisioneiros.

"Ouviste ?
Quando alvorecer, o filho ao machado
do carrasco e a mãe á fogueira"

Continuando a reflectir, sobre um eventual abuso de poderes que o príncipe lhe havia dado, mas que a tais actos fora conduzido por uma mulher funesta e de quem não sabe nada, pois todas as buscas que fizera, não a havia encontrado, perguntando-se em desespero "onde estás mulher cruel ?"

Leonora apresenta-se-lhe, iniciando-se um duo, de vigorosa melodia impulsionada pela diferente paixão que move as personagens. Uma passagem de típica música de conversão,onde Leonora lhe implora piedade para Manrico, cantando "Mira di acerbe lagrime"

"Olha como derramo aos teus pés
um rio de lágrimas amargas
não te basta o meu choro ?
Mata-me bebe o meu sangue
calca o meu cadáver
mas salva o trovador"

mas nada comove Luna, que ainda mais se enfurece "Quanto mais o amas mais intenso arde o meu furor", mas cedendo apenas quando Leonora lhe promete entregar-se-lhe, se ele salvar Manrico, jurando perante Deus que vê toda a sua alma.

Liga-se assim esta parte do duo à sua cabaletta rítmica " Vivrà contende il giubilo", que Leonora canta após beber o veneno que estava no seu anel.

"Viverá ! O júbilo retira-me
as palavras, senhor
mas com os seus rápidos
batimentos, o meu coração te agradece
Agora o meu fim impávida
cheia de alegria espero
Poderei dizer-lhe, morrendo
Estás salvo graças a mim"

Este primeiro quadro do IV acto acaba estando Leonora e Luna felizes, ela porque julga ter salvo com a sua entrega o seu amor e o Conde dando largas ás suas emoções "Tu mia tu mia ripetilo"

"Tu minha, tu minha repete-o
serena o meu coração
Ah não posso crê-lo
embora to oiça dizê-lo"

Gravação interpretada por Stefka Hristova


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quarta-feira, maio 09, 2007

O Trovador-D amor sull all rosee

O quarto e último acto deste quadro inicia-se junto á torre do palácio, onde Manrico está preso.

Ruiz o seu fiel amigo traz Leonora até ali, dizendo-lhe que só ela pode salvar Manrico, pois este tinha sido capturado ao tentar salvar Azucena. Estando ambos encarcerados esperando a execução.

Depois dum pequeno recitativo, onde Leonora diz que apesar de tudo está próxima do seu amado, enquanto lembra o seu amor, cantando uma das árias mais famosas desta ópera "D amor sull all rosee" onde diz

Sobre as asas rosadas do amor
vai, suspiro doloroso,
e do infeliz prisioneiro
conforta a tétrica mente
Como um vento de esperança
move-te pela sua cela
e desperta-lhe as recordações
dos nossos sonhos de amor !
Mas não lhe contes desprevenidamente
as penas do meu coração"

Aqui acaba o primeiro filme magistralmente cantado por Raina Kabaivnaska num filme de 1975.

A gravação seguinte Eliane Coelho canta também a parte seguinte

. ouvindo-se um coro de monges implorando a remissão dos pecados do condenado prestes a morrer "Misere d ungiá vicina", que fazem Leonora que tremer com este cânticos

"Estes sons, estas preces solenes e funestas
enchem este ar de um terror sombrio
A angustia que me assalta por completo
disputa a minha boca e respiração
e ao coração os batimentos"

mas tem a alegria de ouvir a voz de Manrico dentro do castelo despedir-se da vida e do seu amor implorando-lhe que não o esqueça.

Com o bom gosto bem verdiano, acontece uma passagem magnífica entre as vozes de Manrico, Leonora e os monges, onde se repetem as ideias já aqui descritas e que termina com mais uma caballetta de Leonora " Tu vedrai che amore in terra" onde diz

Verás que amor nesta terra
não existe mais forte que o meu
venceu os destinos em dura guerra
e vencerá a própria morte
Ou com o preço da minha vida
salvarei a tua
ou contigo para sempre unida
para o túmulo irei