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terça-feira, fevereiro 27, 2007

IL Trovatore-Introdução

Il Trovatore-(O Trovador) foi estreada a 19 de Janeiro de 1853 de Verdi, escrita com libreto de Salvatore Cammarano baseado na peça teatral de Antonio Garcia Gutiérrez, escrita em 1836.

Quando da estreia, teve enorme êxito que se manteve inalterável até hoje.

O Trovador é a segunda ópera de uma trilogia verdiana iniciada com o Rigoletto e acabada com La Traviata.

Estas óperas iniciam um distanciamento definitivo em relação a tudo o que as óperas do primeiro período romântico supõem. A típica divisão entre recitativo, ária e cabaletta começa a não ser essencial na linha dramática da obra, de tal maneira que é muito mais simples criar cenas em que a continuidade predomina sobre a divisão estrita da ópera por números.

Com Verdi as árias não desaparecem, mas significa que á obra não é estruturada em função delas, elas limitam-se a aparecer quando se justificam.

Os trecho longos das aberturas, ainda habituais nos primeiro tempos da sua produção, tendem a ser substituídos por preludios mais ou menos breves. Assim acontece nestas três óperas da trilogia.

Personagens

O Conde de Luna-(Barítono)nobre aragonês ao serviço de Fernando de Antequerra.

Manrico-(Tenor)oficial do exército do conde Urgel, suposto filho da cigana Azucena e irmão ignorado do conde de Luna.

Leonora-(Soprano)dama de companhia da rainha Leonor e apaixonada por Manrico.

Azucena-(Mezzo-soprano)cigana originária dos montes da Biscais.

Ferrando-(Baixo)Chefe da guarda do conde Luna.

Ruiz-(tenor)lugar-tenente e amigo de Manrico.

Inês-(soprano)confidente de Leonora

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Giulietta Simionato

Nascida a 12 de Maio de 1910, esta mezzo soprano italiana, felizmente ainda hoje viva, foi uma das grandes vozes da ópera.

Não dúvido, a par da Cosotto, as melhores "mezzo" de sempre, até que me provem o contrário

A sua carreira extendeu-se entre 1930 e 1966, altura em que se retirou.

Grande amiga das sopranos rivais Maria Callas e Renata Tebaldi, destacou-se pela grande qualidade da sua voz, mas também pelo seu grande profissionalismo.

Faz parte da história da ópera, uma récita com Callas em 1957, dirigidas por Karajan cantando Ana Bolena

Estreou-se no Scala de Milão em 1936, cantando regularmente, nessa difícil sala, durante 30 anos.

O seu extenso repertório incluem os grandes papéis Amneris(Aida), Santuzza(Cavalleria Rusticana), Carmen, Azucena(Trovador), etc.

Entre nós cantou em 1956, no teatro S.Carlos, o papel de Santuzza da Cavalleria Rusticana, com Mário Ortica, Rudolfo Azzolini e Aurora Cattelani.

Dois vídeos o primeiro a Habanera da "Carmen" de Bizet, cantada em Tóquio em 1959. O segundo, uma intervenção no programa IL Café na Rai em 2003, onde, com 93 anos ainda trauteia a ária de Lola "Flor de gladíolo" da Cavalleria Rusticana.



Cavalleria Rusticana-Final



Entrando entretanto Alfio de semblante carregado "cumprimento-vos a todos" diz.
Turiddu convida-o a beber, dizendo enquanto lhe estica um copo :

"Bem-vindo
tens de beber connosco
Aqui tens um copo"

Alfio recusa e em clima de grande tensão diz

"Obrigado
mas o vosso vinho eu não o aceito
poderia converter-se em veneno dentro do meu peito"

Turiddu deita o vinho fora.O desafio entre os dois homens está feito e consumado no abraço entre os dois no qual Turiddu morde a orelha de Alfio, para demonstrar que aceita o desafio.

Depois Turiddu declara-se culpado e que até se deixaria matar como um cão, mas lamenta a sorte de Santuzza, se ele morrer, ficará abandonada.

Alfio retira-se dizendo que o espera lá fora.

Para ver esta primeira parte da final clicar aqui

Turiddu chama por Mamma Lucia e diz-lhe que bebeu de mais e vai sair, mas primeiro pede-lhe a benção, como no dia em que partiu como soldado.

Acaba pedindo á mãe que

"se eu não voltar
tu terás de fazer de mãe de Santa
porque eu jurei levá-la ao altar
Tu terás de fazer de mãe de Santa
se eu não voltar"

A Mãe pergunta-lhe porque fala assim e ele acaba num tom fortemente dramático por lhe dizer em jeito de despedida

"Um beijo um beijo mãe
Outro beijo adeus
Se eu não voltar
faz de mãe de Santa
Um beijo mãe adeus"

Turiddu sai perante o desespero da mãe que o tenta segurar.

A praça vai-se enchendo de gente, Santuzza entra também, há um clima de grande agitação. até que se ouve um grito de mulher dizendo

HANNO AMMAZZATO COMPARE TURIDDU !
Mataram o compadre Turiddu !

Acabando a cena com grande desespero e consternação

Para ver o video final clicar aqui

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Cavalleria Rusticana-Intermezzo



Este intermezzo ou interlúdio é o momento mais famoso da obra e sem dúvida, o entreacto mais conhecido da escola verista. A riqueza melódica e serenidade contratam com a violência do dueto anterior e com a tragédia que se irá seguir.

Trata-se dum fragmento musical que une duas cenas, como é o caso no qual o intermezzo sublinha o tempo em que as pessoas estão na igreja em domingo de Páscoa.

Para ver o vídeo referente a esta passagem clicar aqui

Cavalleria Rusticana-Ah lo vedi

O primeiro vídeo, ilustra na sequência da edição anterior a segunda parte do dueto entre Santuzza e Turiddu.

Turiddu começa por lhe perguntar "viste o que fizeste ? " recriminando-a por Lola se ter ido embora sem ele.

Santuzza implora-lhe que não o deixe
" A tua Santuzza chora e implora-te
como podes rejeitar assim a tua Santuzza ?
Não Turiddu fica
fica mais um pouco
abandonar-me é o que queres ?"

Turiddu contesta
"Porque me persegues, porque me espias
mesmo á entrada da igreja ?

Acabando por ser mais incisivo no repúdio ao dizer :
"Vai-te embora repito
não me incomodes
é inútil lamentares-te depois da ofensa"

Atirando-a ao chão e dirigindo-se para a igreja, clamando
"Dell ira tua nom mi curo"
"As tuas ameaças não me assustam"

Santuzza grita-lhe em final de dueto
" A te la mala Pasqua. spergiuro !
Desejo-te uma má Pascoa, perjuro !

(Muito embora a Cavalleria Rusticana, não tenha árias com notas demasiado altas, o certo é que o papel de Santuzza foi escrito para voz soprano. Notável o desempenho da Simionato, uma mezzo-soprano e a sua capacidade de cantar maravilhosamente este papel.

Ela e a Cossoto para mim as grandes mezzo que jamais existiram.)

Para aceder ao vídeo cantado por Cossotto e Placido Domingo clicar aqui

O segundo vídeo é a continuação perfeita do primeiro, consiste na entrada de Alfio em cena, perguntando por Lola, Santuzza que acabara de ser humilhada por Turiddu, reage explicando a Alfio que a mulher o engana, enquanto

" ele viaja sob a chuva e o vento para ganhar o pão" Lola v adorna il tetto in malo modo" ou seja "Lola adorna-vos a testa de má maneira".


Alfio furioso pede-lhe que conte toda a verdade

"A verdade
Turiddu, retirou-me a honra
a agora a vossa mulher, priva-me dele"

Alfio ameaça-a "se estiveres a mentir arranco-te o coração", mas ela confirma

"Não é meu costume mentir
Juro-vos pela minha vergonha e dor
que vos disse a triste realidade, Ai!
Pela minha vergonha e dor"

A ira de Alfio na última parte deste dueto a partir da frase "Comare Santa", conduz a uma cena de enorme violência tanto teatral como musical, que tem uma viva e espectacular expressão, nos instrumentos de corda e de metal da orquestra.

Santuzza arrepende-se de ter contado o que sabia ao ver Alfio jurar vingança dizendo

"Eles são os infames, não lhes perdoo
vingança terei antes
de o dia acabar !"









domingo, fevereiro 18, 2007

Cavalleria Rusticana-Tu qui Santuzza

No momento em que Mamma Lucia entra na igreja, aparece Turiddu, no adro da igreja, procurando sua mãe, vendo Santuzza, pergunta-lhe

"Tu qui Santuzza ?" é a frase do tenor que inicia a primeira parte do dueto que se vai seguir

ela insiste em falar com ele e pergunta-lhe onde esteve, ele responde-lhe que esteve em Francofonte, ela diz que o viu na aldeia de noite e que Alfio também afirma tê-lo visto durante a manhã perto de sua casa.

Turiddu ao ouvir o nome de Alfio assusta-se e diz a Santuzza para não o espiar mais e muito menos falar disso com Alfio, se não quiser a sua morte.

Tenta partir mas Santuzza pergunta-lhe se está apaixonado por Lola,

"Tu l ami dunque ?"

ele discute com ela garantindo-lhe que não mas que ela não deve deixar-se levar pelos seus ciúmes fantasiosos

"Bada Santuzza, schiavo non sono
di questa vana tua gelosia"

a discussão adquire um cariz cada vez mais forte até serem interrompidos pela melodia duma canção entoada por Lola."Flor de gladíolo"

Lola pergunta a Turiddu por Alfio e este diz que não o viu.

Santuzza aproveita a ocasião para dizer que é Pascoa e que Deus vê tudo, para que Lola perceba que ela já sabe de tudo.
.
Lola não lhe dá ouvidos, perguntando-lhe se não vão á missa . Santuzza insiste com novo aviso

"Io no; ci deve andar
chi sa di non aver peccato !

Não eu não. Só aqueles
que não pecaram devem ir

respondendo-lhe Lola

"Io ringrazio il signore
e bacio in terra"

Dou graças a Deus
e inclino-me perante ele !

entra na igreja esperando que Turiddu a siga.

Continua a publicação desta preciosidade gravada em 1956 em Tóquio com a voz da fantástica Simionato(Santuzza), acompanhada por Angelo Lo Forese(Turiddu) e a mezzo Anna diStazio(Lola)

Ficam os meus agradecimentos a Filipe Cunha, pela publicação desta magnífico documento musical, no You Tube.


sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Cavalleria Rusticana-Inngemmisco

Os aldeões partem, outros entram na igreja ou seguem para direcção diferentes.

Quando Alfio vê Mamma Lucia, pergunta-lhe se ainda lhe resta algum daquele vinho velho, Lucia responde-lhe que não sabe, dado que Turiddu foi a Francofonte buscar mais.

Alfio diz-lhe que isso não é verdade, pois viu-o durante a manhã, perto da sua casa.

Mamma Lucia fica surpreendida mas Santuzza fa-la calar. Alfio abandona a cena no momento em que se ouve cantar o coro no interior da igreja

(O primeiro vídeo começa aqui)

A música adquire um tom muito mais solene, quando se ouve o som de um órgão e os aldeões cantam "Regina Coeli", uma peça religiosa em que os instrumentos de metal acompanham suavemente o canto.

"Regina coeli, laetare aleluia
Quia, quem meruisti portare... Aleluia
Ressurrexit sicut dixit ... Aleluia"

O Coro envolvendo

"Cantemos hinos
o senhor não morreu !
Radiante, ele têm aberto o sepulcro.
Cantemos hinos ao
Senhor ressuscitado
que hoje ascendeu â gloria do céu!

Entrando Santuzza a cantar (apenas em 2,36) uma pequena intervenção mas muito bela
onde repete a solo o que o coro acabara de dizer.

De seguida entram todos na igreja, ficando apenas no adro Lucia e Santuzza, acabando o vídeo com uma pergunta de Lucia "Porque me pediste para me calar ? "

O segundo vídeo começa exactamente com uma ária de Santuzza "Voi lo sapete, o Mamma". Trata-se de um número descritivo e linear, onde ele lembra que

Turiddu e Lola eram noivos, antes dele ter ido para o serviço militar. Quando regressou descobriu que Lola se havia casado com Alfio. Turiddu tinha tentado esquecê-la com ela. Porém Lola invejosa esqueceu-se do seu marido e roubou-lho. Privada da sua honra ela chora, enquanto eles se voltaram a amar.

Diz-lhe então Mamma Lucia

"Pobre de nós!
Que me estás a contar
neste santo dia ?"

Retorquindo-lhe Santuzza

"Estou condenada, estou condenada
Vá oh Mamma, implorar
a Deus e rogue por mim
Turiddu virá
suplicar-lhe-ei mais uma vez"

Os vídeos apresentados continuam a fazer parte do mesmo espectáculo realizado em Tóquio e cantado pela mezzo Giulietta Simionato em 1956.

Contudo quem preferir ouvir Fiorenza Cosotto clique aqui


quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Cavalleria Rusticana-Dite Mamma Lucia

O som de umas campaínhas desencadeia uma explosão de colorido musical que evoca o ambiente festivo do domingo de Páscoa, quando o pano sobe.
A orquestra interpreta outro tema, que lembra vagamente o ritmo da valsa, que é introduzido pelas cordas e pouco tempo depois pelo oboé. Ouvem-se ao longe as vozes dos camponeses que, a pouco e pouco vão aparecendo no cenário; o tema orquestral junta-se ao coro dos lavradores, em que se alternam as vozes masculinas e femininas, criando diversos jogos melódicos que dão a esta peça um grande brilho.

Cantam as alegrias e a beleza da vida no campo , mas agora é tempo de "cantar as ternas canções que fazem o coração palpitar com força"
"

Quando a intervenção dos camponeses termina, a música passa para um tema lento, em tom menor, que se converte no primeiro esboço do drama.

Este tema introduz o diálogo entre Santuzza e Mamma Lucia.

Santuzza dirige-se para a taberna de Mamma Lucia para lhe perguntar pelo filho Turiddu, por quem está muito apaixonada, respondendo-lhe a mãe que foi a Francofonte comprar vinho, mas Santuzza não acredita dado saber que ele foi visto de noite na aldeia.

Lucia manda-a entrar em casa, mas Santuzza recusa porque está excomungada, devido ás suas relações pré-matrimoniais com Turiddu.

Entra Alfio o carreteiro e marido de Lola, acompanhado pelo som de estalos de chicote, aparecendo em ritmo de carácter militar, cantando uma breve ária "Il cavalo scalpita" acompanhado pelo coro.

" O cavalo trota
tintinam os guizos.
Estala o chicote !

Eh vocês
que sopre o vento gelado
que caia a água ou neve
a mim que me importa ?

O coro replica

"Que grande ofício
ser carreteiro
andar de um lado para o outro
Oh que grande ofício"

Para ver o filme interpretado por Fiorenza Cossoto (Santuzza), Anna di Stacio(Lucia) Giangiacomo Guelfi (Alfio)

(clicar aqui)



terça-feira, fevereiro 13, 2007

Cavalleria Rusticana-Introdução

A Cavalleria Rusticana estreou em 17 de Maio de 1890, no Teatro Costanzi de Roma sendo seu autor Pietro Mascagni, sob libreto de Giovanni Targioni-Tozzetti e Guido Menasci.

Mascagni nasceu a 7 de Dezembro de 1863, em Livorno. Era portanto da geração dos seus compatriotas Puccini, Leoncavallo e Giordano, bem como de Mahler, Debussy ou Viana da Mota.

Em 1888, soube do concurso de composição de novo aberto pelo editor Sonzogno, que instuiu um prémio para a melhor ópera em um acto, submetida ao júri.
Coube-lhe o primeiro prémio da competição, confirmado por um dos mais estrondosos êxitos de que reza a história da ópera. De um dia para o outro, a Cavalleria Rusticana fez de um modesto músico de província, uma celebridade internacional.
Como disse o próprio Mascagni, “foi uma pena eu ter começado pela Cavalleria Rusticana. Coroaram-me antes de ser rei”.
Nos restantes 55 anos que ainda viveu, não conheceu triunfo comparável
Personagens
Turiddu-(tenor)-É o protagonista da ópera.Papel adequado a um tenor spinto ou dramático
Santuzza-(soprano lírico) Porém como é muito agudo, o papel está ao alcance de um mezzo-soprano com bons registos superiores.
Alfio-(barítono) conta com uma breve ária, a sua voz tem de ser sonora.
Mamma Lucia e Lola-(mezzo)

A acção decorre num único dia,o dia de Páscoa, numa aldeia siciliana, em finais do século XIX.

Depois dum magnífico prelúdio e ainda com o pano corrido, Turiddu canta uma canção siciliana, um tema popular acompanhado pela harpa e escrito em dialecto siciliano.
Em que diz

“Lola a tua camisa é branca como o leite
és branca e encarnada qual cereja
quando apareces és só sorrisos
bendito quem te deu o primeiro beijo
A tua porta de sangue está manchada
E não me importaria matar-me frente
Ao teu umbral; e se ao morrer eu fosse
Para o Paraíso só entraria se estivesse ali”

O som de umas campaínhas desencadeia uma explosão de colorido musical que evoca o ambiente festivo do domingo de Páscoa, quando o pano sobe.

A orquestra interpreta outro tema, que lembra vagamente o ritmo da valsa, que é introduzido pelas cordas e pouco tempo depois pelo oboé.

Ouvem-se ao longe as vozes dos camponeses que, a pouco e pouco vão aparecendo no cenário; o tema orquestral junta-se ao coro dos lavradores, em que se alternam as vozes masculinas e femininas, criando diversos jogos melódicos que dão a esta peça um grande brilho.

Cantam as alegrias e a beleza da vida no campo , mas agora é tempo de "cantar as ternas canções que fazem o coração palpitar com força"

O clip faz parte dum filme em que engloba toda esta introdução
(clicar aqui)


sábado, fevereiro 10, 2007

Carlo Bergonzi-Um grande tenor verdiano


Nasceu perto de Parma a província de Verdi, em 1924.

Hoje, naturalmente retirado, foi considerado enquanto no activo, o maior tenor verdiano na cena lírica mundial.

Curiosamente fez os seus estudos e estreou-se cantando papéis de barítono.

Aos 27 anos verificou que a sua voz estava a mudar e após um novo período de estudo intenso, emergiu como tenor, estreando-se como protagonista de "André Chénier". Em 1955 já cantava no Scala de Milão e a estreia londrina no mesmo ano, no papel de Don Alvaro em “A força do destino”
.
Depois seguiram-se papeis em várias óperas e inúmeras gravações algumas que ficaram famosas.

Os seus desempenhos mais importantes, para além de Edgardo da "Lucia de Lammermoor", Turiddu em "Cavalleria Rusticana", ou Des Grieux na "Manon Lescault".

Interpreta na perfeição o bel canto lírico, mas cantou igualmente duma forma suprema o papel de Fausto em "Mefistofeles". Outro dos seus papéis preferidos é de Enzo em "La Gioconda", que cantou no S.Carlos em 1965.

Como já disse, o seu principal argumento são os papéis verdianos, tendo cantado todas as óperas, com a excepção evidente do "Nabucco", que não tem nenhuma ária para tenor.

Pessoalmente vi-o cantar em Lisboa em 1972 “A força do destino” e em 1976 “Um baile de máscaras”

Nos vídeos juntos, o primeiro refere uma gravação em 1967 em Florença, da célebre ária "Una
furtiva lacrima" da ópera "Elixir do Amor".

O segundo vídeo, num dos mais difíceis papéis do reportório verdiano, no papel de Radamés a ária "Celeste Aida" da ópera "Aida", gravado em 1966



sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Lucia di Lammermoor-Tombe degli avi miei

Estamos na cena final da Lucia,que apresenta a curiosidade da grande ária final pertencer ao tenor e não ao soprano, como era habitual até aquela altura. Donizetti escreve esta ópera numa altura em que os papéis de tenor estão progressivamente a ganhar importância.

O quadro começa com uma grande introdução, com as trompas como protagonistas e na qual o carácter tenebroso e ao mesmo tempo envolto em mistério, atinge um momento culminante.

Túmulo dos Ravenswood, nos arredores do castelo de Wolfs Crag .é ainda de noite, EdgardoLucia, só espera morrer ás mãos de Enrico, já não pensa em vingar seu pai, mas sim em extinguir consigo uma estirpe tão desventurada.

No recitativo com que começa “Tombe degli avi mei”, Edgardo diz o que acima referi, acrescentando que

Ah mulher ingrata
para seu júbilo
foi a noite curta
Enquanto eu me desfaço em pranto
Tu ris, exultas ao lado
Do feliz consorte
Tu no seio da alegria e eu no da morte

São as últimas palavras antes da entrada na ária propriamente dita (3.07)” Frapoco a mi ricovero”

Dentro em breve recolherei
a um ignorado sepulcro
Nem sequer uma piedosa lágrima
Sobre ele será vertida

Onde manifesta a clara intenção de se suicidar, terminando mais tarde a dizer

Não passes diante dele, oh barbara
ao lado do teu marido
respeita pelo menos as cinzas
de quem morre por ti
Não passes nunca esquece-o
Respeita ao menos quem morre por ti “

Canta o grande tenor catalão já falecido Alfredo Kraus, um espectáculo em Barcelona em 1988.



No segundo filme, sem imagem, com voz de Luciano Pavarotti, ouvindo-se toda a parte final da ópera.

Aproximam-se pessoas do cemitério onde está Edgardo, lamentado o que se passa no castelo, já que Lucia perdida a razão, não deixa de perguntar por ele, enquanto a morte se aproxima lentamente.



Edgardo, percebe então que se havia enganado acerca de Lucia, quando se ouve um toque a finados ao longe, enquanto Raimondo entra e lhe diz.

Dove corre sventurato ?
Ella in terra piú non é “

Conformando a morte de Lucia

Inicia então Edgardo a ária final “Tu que a Dio spiegasto l ali

Tu que a Deus abriste as asas
oh bela alma apaixonada
volve para mim aplacada
contigo se eleve quem te foi fiel
Ah se a ira dos mortais
Nos moveu uma guerra tão cruel
Se separados fomos na terra
Una-nos Deus no céu
Oh bela alma
Una-nos Deus no céu
Eu sigo-te”

Desembainhando a sua adaga, suicida-se.
Enquanto morre, canta basicamente a mesma ária ao mesmo tempo que Raimundo e o coro se lamentam dizendo

Que horror que horror
Oh! Tremendo e negro destino
Deus perdoa tanto horror”

A interpretação deste papel de Edgardo deve-se a José Carreras, aparentemente numa recita em Bregenz em 1982.




quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Lucia di Lammermoor.-Dalle stanza ove Lucia e árias da loucura

No grande salão do castelo de Ravenswood, continua a festa de noivado, A família Ashton celebra o facto de graças a Lord Arturo, lhe sorrirem de novo os astros.

Entra então na sala Raimondo com o semblante perturbado e pedindo silêncio, explica que Lucia, tendo perdido a razão, matou Lord Arturo, com o próprio punhal deste.

Aqui cantado pelo baixo Elia Todisco



Lucia entra em cena, com o cabelo despenteado e o rosto coberto de uma desolação mortal, com movimento convulsivos, manifestando demência.

A entrada de Lucia, dá lugar ao início da famosa ária da loucura.

Numa primeira parte, Lucia canta uma cena onde se passa de uma forma quase imperceptível do recitativo à ária, que tem um elevado interesse poético e musical.

São estas as palavras

O doce sono
da sua voz tocou-me
Ah, aquela voz
Penetrou no meu coração
Edgardo! Eu pertenço-te
Edgardo! Ah meu Edgardo
Sim, pertenço-te
Dos teus inimigos fugi
Um gelo se insinua no meu peito
Toda eu estremeço
Vacila o pé
Junto á fonte comigo te sentavas
Ai de mim ! Surge o tremendo
Fantasma e nos separa
Ai de mim! Ai de mim!
Edgardo!… Edgardo! … Ah!
O fantasma , o fantasma nos separa!
Refugiemo-nos Edgardo, junto ao altar
Está coberto de rosas
Uma harmonia celestial
Diz-me não ouves ?
Ah soa o hino nupcial
A cerimónia é preparada para nós
Oh ! feliz de mim !
Edgardo ! … Edgardo !
Oh ! feliz de mim !
Oh ventura que se sente e não se diz

Aqui canta Natalie Dessay num espectáculo no Met em 2007



(No segundo vídeo)

Arde o incenso … brilham
As sagradas velas, ardem em redor
Eis o sacerdote
Dá-me a tua mão
Oh ! venturoso dia !
Finalmente sou tua… tu és meu,
Deus a ti me deu …

Seguindo-se a uma réplica do coro

Todo o prazer será muito grato
compartilhado contigo
do céu clemente um sorriso
a nossa vida iluminará”

ainda Natalie Dessay "ardon gli incensi"



(No terceiro vídeo)

Esta longa cena da loucura de Lucia, termina então com uma cabaleta de grande beleza musical “Spargi d amaro pianto”

Onde ela diz

De amargo pranto semeia
o meu véu terrestre,
enquanto lá em cima, no Céu,
eu rezarei por ti
Apenas a tua chegada
Tornará belo o céu para mim



Acabo com um bravísssimo Dessay !!!

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Lucia di Lammermoor-Orrida è questa notte

O primeiro quadro do último acto é sistematicamente suprimido, sendo um corte tradicional que provém já do século passado, quando a ópera romântica experimentou uma notável decadência.

Neste quadro tem lugar um dueto entre Edgardo e Enrico, no qual ambos concordam em desafiar-se para um duelo. Na forma actual, o terceiro acto começa sempre com o quadro seguinte.

A cena passa-se de noite,Edgardo refugiou-se na sala da torre semi-arruinada do castelo de Wolfs Craig, o único que os Ashton, não lhe roubaram da sua herança paterna.

Desencadeia-se uma tempestade e entre o ribombar dos trovões ouve-se o trote de um cavalo que se aproxima. Entra Enrico numa atitude ameaçadora. Edgardo lembra-lhe que não é bem recebido ali e que a morte de seu pai ainda não está vingada.

Enrico assegura-lhe que a sua intromissão em sua casa, durante a cerimónia nupcial pede vingança e que só ele o deve matar. Concordam ambos em bater-se ao despontar do dia no cemitério de Ravenswood.

Foi possível obter este vídeo cantado por Bülent Bezdüz e Domenico Balzani numa recita em Montpellier em 2006.